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Colisão de estrelas de nêutrons é detectada pela 1ª

A descoberta deve mudar os rumos da astronomia

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Uma série de descobertas anunciadas nesta segunda-feira (16) promete mudar os rumos da astronomia. Os observatórios Ligo, nos Estados Unidos, e Virgo, na Itália, além de 70 telescópios espalhados pela Terra e pelo espaço, detectaram sinais gerados pela colisão entre duas estrelas de nêutrons, um dos corpos mais densos do Universo.

É a primeira vez na história que tal fenômeno, ocorrido a 130 milhões de anos-luz da Terra, é observado. A fusão foi captada em 17 de agosto, quando os detectores do Ligo e do Virgo registraram 1m40s de ondas gravitacionais, deformações no espaço-tempo previstas pela Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, e provocadas por eventos cósmicos violentos - no caso, a colisão entre as duas estrelas de nêutrons.

Dois segundos depois, o telescópio Fermi, da Nasa, e o satélite Integral, da Agência Espacial Europeia (ESA), detectaram "flashs" de luz na forma de raios gama. No dia seguinte, dezenas de telescópios tradicionais voltados para a galáxia de Hidra, a pedido do Ligo e do Virgo, observaram raios-x, infravermelhos e sinais de rádio emitidos pela colisão.

As estrelas de nêutrons - um dos últimos estágios de sua vida - envolvidas no fenômeno tinham massas de 10% a 60% maiores que a do Sol, porém com o tamanho de uma cidade média. Os cerca de 1,2 mil cientistas e 70 observatórios que participaram da pesquisa descobriram que esses astros funcionam como uma "fábrica" de elementos pesados, dando origem a elementos como chumbo, ouro e platina.

Além disso, eles confirmaram que as ondas gravitacionais viajam na velocidade da luz, algo que já havia sido previsto por Einstein mais de 100 anos atrás. "É um dia histórico que marca o início de uma nova era", comemorou o presidente da Agência Espacial Italiana (ASI), Roberto Battiston.

Segundo ele, as descobertas divulgadas nesta segunda inauguram o nascimento da "astronomia multimensageiro", ou seja, que se aproveita dos vários tipos de radiação que chegam à Terra a partir dos pontos mais remotos do Universo.