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Esmalte do dente permite determinar sexo de esqueleto humano

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Um método desenvolvido por um grupo internacional de pesquisadores, entre eles a bióloga Raquel Gerlach, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, poderá auxiliar na identificação do sexo de partes de esqueletos em estudos em arqueologia, paleoantropologia e no âmbito das ciências médico-legais.

A técnica se baseia na análise de fragmentos (peptídeos) da proteína amelogenina, responsável pela formação da coroa dentária, a parte visível dos nossos dentes. A amelogenina é codificada no cromossomo X, presente nos homens e nas mulheres, e no cromossomo Y, apenas nos homens, com poucas diferenças quanto às sequências de aminoácidos.

No estudo, os pesquisadores identificaram 23 diferenças entre a amelogenina codificada nos cromossomos Y e X. Em seguida, analisaram, às cegas, amostras de dentes humanos de múmias cujo sexo já era conhecido encontradas na região de Durham, na Inglaterra. Os pesquisadores usaram uma pequena amostra do esmalte dentário das múmias e, em cada uma delas, foi aplicada uma solução ácida. O material dissolvido foi analisado em um espectrômetro de massa, usado para separar e identificar proteínas.

“Com base em diferenças identificadas anteriormente, conseguimos atribuir corretamente o sexo desses remanescentes humanos de cerca de 5 mil anos”, explica Raquel, coautora do estudo descrevendo os resultados da técnica publicado em dezembro na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

O novo método apresenta-se como uma alternativa aos métodos empregados atualmente. “Hoje, para identificar o sexo de esqueletos, é preciso triturar dentes e ossos em uma solução específica para conseguir detectar o DNA por análise de PCR. Isso acarreta na destruição da amostra”, explica. “A vantagem da nova técnica é que ela não é invasiva, por se basear apenas na análise de proteínas presentes em uma pequena parte do esmalte dos dentes, que são preservados.”

Segundo ela, o próximo passo é analisar o desempenho da nova técnica em situações em que os ossos foram submetidos a altas temperaturas. “Sabe-se que nesses casos é difícil recuperar amostras de DNA”, explica a bióloga. “Vamos verificar se os peptídeos se mantêm bem preservados no esmalte do dente quando submetidos a situações similares às de incêndios”, completa.

*Pesquisa Fapesp