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Um ponto que falta

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Em seu discurso de posse, o novo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse uma verdade límpida e cortante que, entretanto,  não foi ainda contemplada com propostas ou ações  específicas na ofensiva do  governo de combate ao crime e à violência. “Me impressiona o exemplo do Rio. Durante o dia, clamam contra a violência, contra o crime, e a noite financiam esse mesmo crime através do consumo de drogas”.  Estes, a quem “nada falta, disse o ministro, consomem drogas por “frouxidão de valores”. Não só por isso, pois que o problema é mais complexo.  Uma política nacional de segurança, não só para o Rio mas para todo o país, exige prioridade à questão do narcotráfico, com  modernização e depuração das polícias, aprimoramento da inteligência,  mudanças no sistema prisional, vigilância das fronteiras e também uma política nacional sobre drogas. Tanto no aspecto penal como no de prevenção e tratamento. Sobre isso é que ainda não se ouviu nada neste tropel de medidas, exceto a frase com que Jungmann colocou o dedo na ferida. 

Logo depois da intervenção, o vice-governador do Rio, Francisco Dornelles, tocou neste ponto, destacando a necessidade de se combater também o consumo.  “Em todo comércio, enquanto houver demanda, haverá oferta. É preciso combater também o flagelo do consumo, com campanhas educativas, com abordagem penal para diferentes tipos de drogas”.  A legalização do comércio de drogas leves, como a maconha, vem sendo experimentada por alguns países, como Portugal e Uruguai, com resultados promissores, ainda que preliminares.  O tratamento de dependentes deve  ser assumido pelo  Estado,  para além da mera assistência prestada pelos  CAPs (Centros de Atenção Psicossocial a Dependentes de Álcool e Drogas). 

A nova pasta de Jungmann não dará respostas completas se  limitar-se a coordenar e articular  ações com os estados,  de natureza meramente repressiva.  Inovará se ousar  também a articular uma política mais moderna para a problema do consumo de drogas, que não poderia vir apenas do governo,  mas de uma concertação com outras pastas (Saúde, Direitos Humanos, Educação), com os governadores, o Congresso (que busca seu papel na agenda em cartaz com projetos punitivistas) e a sociedade. O ex-presidente Fernando Henrique, entre outros que refletem sobre o tema, defende a liberalização de drogas leves. Vigiar e punir é importante mas é preciso ir além dos varejistas do tráfico e observar o que resumiu Dornelles:  enquanto houver demanda,  haverá oferta de drogas.

RETROCESSO

 A involução socioeconomica da população na era Temer não é uma invenção da esquerda e opositores. Aí está a constatação do IBGE de que a renda per capita caiu em seis estados e em 15 ficou abaixo do salário-mínimo. Que, por sua vez, cresceu menos que a infl ação.

ALGUNS BALÕES

 A última conversa entre os que buscam unificar o chamado centro, mais rachado depois que Temer passou a pensar em reeleição,  fala de Henrique Meirelles (PSD) como vice de Geraldo Alckmin. Pouco provável. A cotação que sobe, e parece ter mais chances, é a do ministro da Educação, Mendonça Filho, como vice do tucano. Isso amarraria uma coligação PSDB-DEM-PSD, fi cando este último com a vaga de vice na chapa de Doria ao governo do Estado. Mas fi ca faltando  um lugar para o PMDB.