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O doce timbre de Andrea Motis

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Um dos hobbies que cultivo há alguns anos é buscar sons de novos músicos do jazz nas ferramentas de streaming, um ritual que me lembra um pouco o praticado pela turma do vinho. Sabe aquele lance de ficar degustando diversos rótulos, apreciando os sabores, as uvas, safras, sempre em busca da composição perfeita? A diferença é que as minhas vinícolas atendem pelos nomes Spotify, Apple Music e Deezer.

Foi em uma dessas “degustações” que me deparei com a encantadora Andrea Motis. A cantora e trompetista, de apenas 23 anos, é nascida em Barcelona e cria do baixista e professor Joan Chamorro. Começou a estudar música aos 7, na Escola Municipal de Musica de Sant Andreu e, aos 12, já precisava da autorização dos pais para poder se apresentar em clubes da cidade.

Aos 15, gravou seu primeiro trabalho, “Feeling good”, em uma parceria com Chamorro, que se repetiu nos álbuns seguintes, com participações incríveis de Scott Hamilton (saxofonista que merece e ainda será tema da coluna), Ignasi Terraza, entre outros.

Andrea também fez parte do Sant Andreu Jazz Band, big band de jovens de 7 a 20 anos, que, liderada por Chamorro, revela precoces talentos musicais desde 2006.

Seu último e mais recente trabalho foi “Emotional dance” (Impulse! Records), lançado no ano passado, que, como o título já sugere, traz uma deliciosa mistura de momentos alegres e apaixonados em canções originais, intercaladas com clássicos como Tom Jobim, Cole Porter e Horace Silver.

Andrea representa bem a linha da simplicidade do jazz. Nada de ataques ou complexidades sonoras. Seu som é limpo, harmônico e repleto de referências como Chet Baker, Avishai Cohen e João Gilberto.

A música brasileira, como dá para perceber, é uma das fontes em que Andrea costuma beber: além de Tom e João Gilberto, ela também já gravou clássicos de Djavan e Gilberto Gil, sem contar que é fã declarada de Caetano Veloso. Tanto que faz planos de vir por aqui no próximo ano.

Aclamada pela crítica internacional e comparada a nomes como Billie Holiday e Norah Jones, a cantora reconhece o peso do rótulo de estrela que carrega desde a adolescência, mas segue vendo a música como “sua forma de meditar” e diz querer seguir se descobrindo, seja no trompete, na voz ou em novos instrumentos.

Nas vinícolas jazzistas, o som de Andrea Motis pode ser apreciado por todos os amantes da boa música, independentemente do paladar. Para mim, harmoniza de forma perfeita com um bom Pinot Noir.

Bepop

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Tags:

jazz