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A prisão do Cunha X a realidade da favela: nada a comemorar 

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Não a nada a comemorar. Depois de o mais longo processo de cassação da história da Câmara dos Deputados – foram mais de 10 meses – por quebra de decoro parlamentar, só agora o ex-deputado, acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, propina relacionada ao Porto Maravilha, crimes de desvios de fundos de investimentos, extorsão de adversários, favorecimentos a bancos e corrupção nos contratos de Furnas, foi preso em Brasília por determinação da Operação LavaJato. 

Depois de ser flagrado e vaiado nos aeroportos, chegou a vez de Cunha ser preso, mas como disse acima: não há nada a comemorar. A injustiça continua mascarada de justiça. Como pode alguém com tantas acusações e provas ter ficado tanto tempo comandando um dos mais altos postos da política brasileira? 

E agora a justiça o prende, mas por quanto tempo? Temos assistido que essas prisões duram apenas alguns dias, um verdadeiro circo para enganar que a corrupção está sendo combatida. Daqui a pouco ele já sabe que estará na rua, no máximo portando uma tornozeleira, que já virou ornamento de luxo para todos esses acusados de corrupção. Para piorar, a justiça manda bloquear as contas do ex-deputado. As contas estão zeradas. É claro, burro sabemos que ele não é. 

Pois bem, de um lado o acusado de desviar milhões e prejudicar a vida de uma nação de brasileiros que sofre com as consequências da corrupção no país é preso, sem algemas, e ocupa uma cela de 12 metros quadrado, sozinho, e continua milionário. Agora do nosso lado, na nossa realidade, se um pai de família, pobre, favelado, sem ter o que comer, cometer ou ser acusado de algum crime, para ele só resta o poste ou as prisões em condições sub-humanas. Quanta desigualdade. 

E para os brasileiros resta suportar uma PEC da desigualdade que promete salvar o país, reduzindo investimentos em educação, saúde e todos outros benefícios sociais nos próximos 20 anos. É tirando dos mais pobres que eles prometem salvar o país. 

Façam suas apostas, quanto tempo o Cunha vai ficar preso e quanto (R$) ele vai devolver? 

Lamentável...

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade