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O racismo institucionalizado de cada dia

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Essa semana foi uma semana marcada por questões muito sérias e trágicas. Em meio à tantas dores, a luta por justiça foi a tônica, e justiça  uma das palavras mais evocadas.

Diante de tantas crises construídas por ganância, ambição e um senso de impunidade, ainda presentes nas estruturas da sociedade brasileira, nos pegamos perplexos ante à frieza e indiferença, causados por um sistema impregnado de preconceitos.

O racismo institucional, que intensifica o sofrimento dos mais pobres, por outro lado, privilegia aqueles que estão de alguma maneira, nos grupos de poder, sejam econômicos, sociais e políticos, ou de alguma maneira na sua órbita.  Enfim, como sempre repito aqui, os mais vulnerabilizados, vão sempre pagar uma conta maior e mais cara, em todos os sentidos.

O Estado brasileiro, é um dos mais perversos no trato com a sua população mais pobre. A perversidade se caracteriza por manter mecanismos e sistemas muito bem estruturados, que não permitem que os cidadãos e cidadãs, que fazem parte das camadas mais baixas da população, se sintam de fato como tal, são tratados como cidadãos de segunda classe.

Isso se reflete em todas as aberrações que vamos presenciando, à medida que vemos a incompletudes de obras estruturais fundamentais nas favelas, que se realizadas de manira honesta e eficaz reduziriam drasticamente as condições para o surgimento de doenças, por exemplo, que já não deveríamos nem ouvir falar mais, como é o caso da tuberculose.

Mas, o racismo institucionalizado vai mais longe, urde uma trama tão firme, tão aparentemente indissolúvel e com bases quase inamovíveis, que promove a morte de seus cidadãos mais frágeis com tamanha facilidade, quanto faz com que elas, as mortes sejam tão banais quanto, tão pouco importantes, que produz marcas tão profundas, que continuam matando, emocionalmente e de fato.

O caso do menino Eduardo de 10 anos, morto na porta da sua casa no Alemão, em Abril de 2015, é fruto de tudo isso, mais do que isso, a morte estendida aos familiares. A justiça, deveria proteger à todos e todas, sobretudo os mais fragilizados pelas contingências sociais e econômicas.

Desferem-se 111 tiros em cinco pessoas, cinco jovens em um carro, porque é natural, é quase uma regra.Por outro lado, zombam de todos nós, porque aos pobres, não cabe espernear. Precisamos fazer um esforço titânico para sensibilizar o judiciário, principalmente, mas a sociedade precisa mudar. Porque quando chegamos ao ponto que chagamos, ou juntamos todos os esforços para volver ao caminho, ou vamos todos para o abismo. 

Que haja justiça para Eduardo, Terezinha, para as mães de Costa Barros, que haja justiça para os mais pobres, esquecidos e  vulnerabilizados, porque os que tem fome e sede de justiça querem ser saciados.

*Colunista, Pesquisadora, Consultora na Ong Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel