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A in(justiça) no Brasil: da Lava Jato ao jovem Rafael Braga

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As prisões midiáticas e os processos instaurados pela operação lava Jato têm apenas causado ao povo brasileiro um sentimento maior de injustiça e impunidade. São meses de investigação e todo aquele espetáculo para prisões de corruptos que em poucos meses estão nas ruas, desfrutando do que roubaram. O que assistimos é uma vergonha que envolve corruptos, fiscais e até mesmo juízes das mais altas cortes, trabalhando em prol da injustiça. Não vai demorar muito para assistimos todos estes presos lava-jato serem soltos e continuarem atuando na política brasileira.

Corruptos que desviam milhões, delatam e em poucos meses estão livres. Como “castigo” recebem uma tornozeleira e o direito de ficar em suas casas, mansões ou apartamentos luxuosos e bem localizados, continuando a fazer uso de um dinheiro roubado do povo brasileiro.

Se por um lado os ricos e políticos demonstram a impunidade no país, os pobres, negros e favelados continuam a ser julgados com as mais altas penas que custam a prisão e muitas vezes as suas vidas. Assistimos nos últimos dias a uma guerra violenta no Complexo do Alemão e em outras comunidades. Foram muitas as vidas tiradas de cidadãos sacrificados por uma política de guerra aos pobres. Um projeto falido de pacificação criado e financiado por corruptos. A UPP já estava fadada ao fracasso desde seu projeto. O seu criador Sérgio Cabral está na cadeia, acusado dos mais altos rombos descobertos pela Lava Jato, e seu maior patrocinador acabou de receber o direito a prisão domiciliar. Quando que um projeto alimentado por corruptos levaria paz para as favelas?

Além das mortes nas favelas, a justiça que favorece e liberta os corruptos continua a valer com todo vigor para os mais pobres, onde juízes continuam a aprisionar pobres em cadeias que estão superlotadas, pessoas com crimes que poderiam ser tratados de formas alternativas e eficazes. Muitos nem crime cometeram, mas são julgados por serem pobres, negros e favelados. É o caso do jovem Rafael Braga, que expõe e representa a população carcerária do Brasil, ou melhor, representa a injustiça que vigora neste país. Um jovem preso injustamente por duas vezes por ter cometido os crimes de ser pobre, negro e favelado.

Temos um país onde um jovem de favela que passeia pelas ruas da cidade e assiste ricos bem vestidos, comendo em bons restaurantes, passeando em carros luxuosos, com filhos estudando em boas escolas, morando em boas casas. Este mesmo jovem toma seu ônibus lotado e volta para favela – o seu lugar. Na favela ele não encontra as ruas limpas e asfaltadas, sua casa está longe de ser adequada, suas roupas estão fora do dito “padrão”, sua comida é o arroz e feijão. Na sua família tem gente desempregada, querendo ganhar o pão. As despesas são altas, e que fim chegará este jovem, então?

Liberdade para Rafael Braga!

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade