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Racismo institucional celebra o que há de mais selvagem e incivilizado

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Os dados divulgados pelo Ipea sobre a situação dos jovens negros, pobres, que vivem em áreas vulnerabilizadas e possuem baixa escolaridade, serem, ou melhor, se manterem como alvos e sujeitos preferenciais da letalidade produzida por armas de fogo em mãos de agentes do estado, causa muita inquietação e produz sentimentos que vão da tristeza à indignação.

Mais de 70 por cento das mortes violentas são de pessoas negras. Isso segundo, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, demonstra uma total distância das instâncias governamentais da realidade da população.

Traduz, segundo o relatório, uma naturalização cada vez maior dos homicídios. O racismo institucional é certamente um dos fatores preponderantes nestes resultados.

A falta de compromisso com a vida dos(as)mais vulnerabilizados e o pouco empenho em produzir ações que vão além da experimentação ou sejam apenas ações reativas a momentos críticos ou picos de violência e de grande repercussão como os vistos no início do ano no sistema penitenciário, é cada vez mais evidente e assustador.

A criminalização da pobreza negra, masculina e jovem, a ascendente da vitimação de mulheres negras pobres e o aumento do encarceramento desse grupo, demanda da sociedade muita cautela, para perceber no que realmente se está traduzindo o seu clamor por justiça e paz.

Não há pena de morte no Brasil. Mas o racismo institucional, e a construção imagética de um indivíduo (a) a ser temido (a), celebra o que há de mais selvagem e incivilizado. A incessante dinâmica de mais armas e mais polícia está muito aquém  como estratégia de promoção ou manutenção destas vidas.

Todas as vidas importam.

*Colunista, Consultora na ONG Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel