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Pobres podem perder empregos, mas bancos não podem perder lucros

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Foi noticiado que existe um possível acordo da força-tarefa da Operação Lava Jato para privilegiar os bancos em uma possível delação do ex-ministro Antonio Palocci. O acordo seria para separar os bancos e empresas dos executivos corruptos, favorecendo essas instituições a fim de que não se prejudiquem com a turbulência das delações. Ou seja, existiria uma preocupação da força tarefa em proteger o mercado financeiro – os ricos, quando a preocupação deveria ser em proteger o país.

É estranho tal preocupação com os resultados da delação e seus efeitos para o mercado financeiro, quando esse objetivo não foi o mesmo em tantas outras situações que a operação vem investigando. Não vi nenhuma proposta para evitar a demissão em empresas investigadas ou nenhuma preocupação com a repercussão e crise política ao atingir diferentes esferas de políticos. 

A preocupação da operação deveria ser com o povo brasileiro, quando temos mais de 14 milhões de desempregados, onde falta trabalho para 24 milhões de pessoas, onde paciente morre na fila do hospital, onde criança teve a merenda roubada, onde professores e servidores estão sem salários, onde favelado perde seus direitos, e nesse mesmo cenário de caos, os bancos continuam a lucrar e crescer cada vez mais, se beneficiando às custas da vida dos trabalhadores. 

Logo, se a informação for verdadeira, não precisa ser muito esperto para entender a seletividade, o objetivo e a prioridade das preocupações desta força tarefa. 

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade