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O senador e o bandido da favela  

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Uma justiça que condena os pobres e inocenta os ricos. Mais uma vez, assistimos a um acusado se ver livre das restrições da Justiça. Um senador acusado de receber 2 milhões de reais da JBS segue livre, de volta à sua cadeira no Senado e ao salário de mais de 30 mil reais. Cabe ressaltar que mais da metade dos senadores que o defenderam são alvo de investigações e inquéritos. 

Vejo os jovens sendo presos por envolvimento com tráfico, roubo de celulares, roubos de mercado. Esses jovens que nunca tiveram a oportunidade de acesso a uma boa escola, a uma boa alimentação e muito menos a uma boa cama. Meninos que foram criados no meio da ausência de tudo e na frustração de nada ter. Estes são mortos nas favelas, sacrificados nos presídios e não têm nem a segunda chance de serem ressocializados em uma sociedade que só quer exterminá-los no preconceito de achar que o crime está na favela – um engano. Os maiores bandidos não estão na favela. Quem diria que Cabral, que criou a UPP para combater o crime, seria hoje um presidiário? 

Se temos ladrões de terno e gravata roubando na casa dos milhões, logo teremos os pobres sofrendo pela falta de emprego, hospital, escola e moradia, o que reflete diretamente na violência e na alta população carcerária que temos no Brasil, ocupada por uma quantidade expressiva de jovens, em sua maioria negros e moradores de periferias com baixo nível de escolaridade. 

Caros leitores, deixo para vocês a seguinte questão: quem são os bandidos mais perigosos para o Brasil?

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade