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Fernanda, descanse em paz

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Cerca de 200 pessoas se reuniram na Praça do Lido no último sábado  (18/11) para homenagear Fernanda Rodrigues dos Santos, moradora de rua que foi assassinada enquanto dormia no dia 18 de outubro, na esquina da Rua Duvivier com Avenida Nossa Senhora de Copacabana. O ato inter-religioso realizado em sua memória foi organizado por diversas instituições do movimento social em defesa dos direitos da população em situação de rua. 

Durante a semana que passou, a sociedade carioca recebeu com perplexidade a notícia da prisão dos assassinos: um estudante de medicina e um lutador profissional de MMA. A polícia investiga a relação entre o homicídio de Fernanda e possíveis grupos que incitam a higienização dos bairros da Zona Sul por meio da violência.

A cerimônia começou às 18h e contou com a participação de representantes de diversas religiões. O evento contou também com a participação do Coral Uma Só Voz, formado por pessoas em situação de rua. Alguns moradores presentes comentavam consternados sobre a covardia cometida e lembravam histórias de sua convivência com Fernanda, sempre apontada como uma mulher cordial e pacífica, que não incomodava seus vizinhos. Uma artista plástica expôs um retrato que pintou da homenageada. Após a cerimônia, o grupo caminhou em procissão até o local aonde Fernanda foi assassinada, depositando flores e acendendo velas.

O vereador Reimont Otoni, presidente da Comissão Especial de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua, esteve presente ao ato e falou sobre a importância do poder público ouvir as pessoas que estão passando por essa situação e responder às suas necessidades:

"As pessoas em situação de rua são negligenciadas pela ausência de políticas públicas. Reunimos aqui nesse nosso coletivo coordenadores dos consultórios na rua, que ainda não são suficientes, são 7 na cidade e 19 no estado, mas precisamos ampliar. Uma coisa que aprendi é que temos que ouvi-los também. Uma liderança do movimento nacional da população de rua falou uma frase, durante um debate, que nunca me esqueci: 'não falem de nós sem nós'. "

O vereador declarou que se a Câmara Municipal Aprovar o Projeto de Lei 1543/2015, de sua autoria, que institui a política municipal para a população em situação de rua no Rio de Janeiro, proporá que o mesmo seja batizado de Lei Fernanda Rodrigues, para que seu martírio não seja esquecido e todos se lembrem que a sociedade precisa estar atenta e vigilante para que violências como essa contra as pessoas mais frágeis e vulneráveis não mais se repitam.

*Walmyr Junior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atuou como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ