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'La Catedral' da Lava Jato e sua turma em Benfica 

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Na década de 90, todos se revoltaram com o fato de o maior narcotraficante da Colômbia ter construído sua própria cadeia, La Catedral, que na verdade era um esconderijo, um verdadeiro hotel, protegido e com toda farra e luxo onde o mesmo continuava a praticar seus crimes com todo o privilégio e proteção do governo. Lá aconteciam festas, crimes, com portas abertas recebia-se visitas à vontade de amigos e parentes e comia-se sempre do bom e do melhor. 

No domingo, assistimos a liberdade dos presos Lava Jato na cadeia de Benfica, todos fora de suas celas, papeando pelos corredores, e o mais surpreendente foram as comidas de luxo encontradas em suas celas, longe do que os presos comuns são acostumados a receber. Aliás, longe do padrão de vida dos cariocas que sofrem com a crise no Rio de Janeiro, em especial os servidores do estado que, com salários atrasados, já tiveram que recorrer a doação de cestas básicas. 

Na lista das iguarias, camarão, presunto importado, queijo de cabra, entre outros. Tudo no mais alto requinte, um padrão comum para aquela turma que se beneficiou durante anos, desviando dinheiro público, falindo a cidade do Rio de Janeiro e dançando à moda guardanapo em Paris. Uma comida que, como canta bem Zeca Pagodinho, os trabalhadores da favela nunca viram, nem comeram, e só ouviram falar. 

Além de todas mordomias em ambas as histórias de La Catedral e Benfica, podemos comparar também que essas prisões servem apenas para enganar o povo, acalmando-o, como se justiça estivesse sendo feita, quando na verdade a coisa é bem diferente. Não existe justiça, pois estes presos continuam milionários, com tratamentos privilegiados e o povo morrendo sem atendimento nos hospitais, as faculdades falidas, o trabalhador sem emprego e famílias passando fome. 

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade