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Autor venezuelano é encenado pela primeira vez no Rio

"Dois amores e um bicho" estreia dia 5 no Espaço Tom Jobim

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Uma família está entretida num zoológico. Isolado em sua jaula, um orangotango chama a atenção. O bicho fora colocado em quarentena por ter molestado outro macaco. O motivo leva Carol a lembrar do episódio que levou o pai, Pablo Estefano, à prisão quando ela era criança. O pai matara o cachorro da família. Essa é a premissa para Gustavo Ott tratar de questões do mundo contemporâneo (violência, homofobia, terrorismo, entre outras) em “Dois amores e um bicho”, cuja encenação traz pela primeira vez um texto do autor ao Rio de Janeiro. Sob a direção de Guilherme Delgado, a montagem -- a quinta da Tentáculos Espetáculos– estréia dia 05 de julho, no Espaço Tom Jobim.

Encenado dez anos atrás na Venezuela, em montagem dirigida pelo próprio Ott, o texto chegou às mãos de Delgado por acaso: era um dos quatro de autores latino americanos editados pela Escola Nacional do Sesc. Era 2013, e o noticiário fervilhava com os protestos nas ruas por mais decência em nosso país. Vindo de “O sósia”, texto de um autor europeu que trata de justiça, o grupo acalentava o desejo de falar de algo mais próximo da nossa realidade. E o texto de Ott veio a calhar. “Tivemos os protestos nas ruas, a questão do uso dos beagles como cobaias de um laboratório de cosméticos, entre outras questões. E o texto vinha ao encontro de tudo isso, sobretudo da nossa vontade de vir para um universo latino”, entusiasma-se Delgado.

O motivo que levou o pai a matar o cão intriga Carol da mesma forma que as mortes em série dos animais do zoo, onde trabalha como veterinária. O caso acaba investigado pela polícia e traz à tona mais questões atuais e atemporais. Tudo sem soar panfletário, ressalva o diretor: “O autor tem a capacidade de abordar diferentes assuntos numa única trama sem fazer do seu texto um manifesto. Acho que a dramaturgia latino-americana é muitas vezes explícita demais e, no caso desse texto, muita coisa fica subentendida”.

Delgado teve carta branca de Ott para montar o texto a seu modo. Começou por não seguir todas as rubricas do texto. Para preservar o núcleo familiar -- Pablo, o pai (Vitor Fraga); Karen, a mãe (Ana Paula Novellino) e a filha, Carol (Yndara Barbosa) -- optou por escalar o ator Luiz Paulo Barreto para os papéis secundários, inicialmente interpretados pelas atrizes. Em vez de palco italiano, a arena, recurso que se mostrou adequado ao texto.  “A ideia é que a platéia ‘enjaule’ os personagens como também que os espectadores se encarem”, explica.

Mais sobre Gustavo Ott:

Um dos principais autores contemporâneos da Venezuela, Gustavo Ott tem prêmios na Espanha e nos EUA. Em 2002, “Dois amores e um bicho” foi agraciada para o programa “New Work Now”, do Public Theater de Nova York. Peças do escritor e jornalista  foram traduzidos para mais de dez idiomas como alemão,  russo e japonês, entre outros.

Mais sobre a Tentáculos Espetáculos:

Criada pelo diretor Guilherme Delgado e pelo ator Daniel Archangelo, a Tentáculos Espetáculos é responsável pelas montagens de “Nariz!”, de Gogol; “Aproximação à natureza morta”, de Thomas Bernhard; “Além as estrelas são nossa casa”, de Abel Neves, e “O sósia”, de Friedrich  Durrenmatt, integrando com esta a programação oficial do Ano da Alemanha no Brasil.

Serviço:

Dois amores e um bicho

Temporada: de 05 de julho a 10 de agosto de 2014

Horários: 21h (sextas e sábados) e às 20h (domingos).

Local: galpão do Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico (Rua J. Botânico, 1008. Tel: 2274-7012)

Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia entrada para os casos previstos em lei) e R$ 15 (promoções para o Instituto Cervantes, Consulado Venezuelano, Convite Amigo,  escolas de teatro etc)