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José Carlos Monteiro comanda ciclo gratuito sobre crítica de cinema na Caixa

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Dizem que, de crítico e de louco, todos nós temos um pouco. Com o ciclo “Questão de Crítica”, os fanáticos por cinema, aspirantes a críticos e os que já escrevem críticas têm a oportunidade de aprender os segredos dessa arte com José Carlos Monteiro, autor de incontáveis críticas do Jornal do Brasil, O Globo e outras publicações, além de professor de Cinema na UFF há mais de 20 anos. "Questão de Crítica”, que acontece no Cinema 2 da Caixa Cultural Rio, oferece 80 vagas gratuitas, mediante inscrição prévia.

A produtora executiva Aida Marques, cineasta premiada e cinéfila contumaz, comemora o ciclo. "Num momento em que o cinema brasileiro tem crescido muito, é super importante formar críticos com um olhar diferenciado, que consigam traduzir toda essa efervescência cultural da melhor forma possível para o público."

José Carlos Monteiro concorda e afirma que é preciso, mais do que nunca, aguçar o senso crítico, pois o cinema se transforma a olhos vistos, num mundo que vive uma profunda transição geopolítica. "Para garantir algum espaço no universo intelectual, a crítica mais lúcida deverá alterar, necessariamente, seus paradigmas de julgamento de filmes. Esta é a questão central na abordagem dos problemas que se colocam aos atuais e aos futuros críticos."

Segundo José Carlos, o curso parte da questão do que se denomina “clássico” ou “obra-prima". "Os meios e modos pelos quais a chamada crítica examina e julga os filmes serão analisados através de algumas “provocações” de ordem histórica, estética, tecnológica e mesmo econômica. Afinal, não se pode esquecer que o cinema é uma indústria [ainda] poderosa."

"No cinema, ao contrário da literatura, existe essa mania das famigeradas 'listas de melhores', que surgem a todo instante. Isso não passa de tapeação mercadológica, com o propósito de espetacularizar a informação. A crítica verdadeira não se exime de entusiasmos. Pelo contrário; o entusiasmo é um dos fatores da paixão pelo cinema e pelo exercício crítico. Mas nem por isso a crítica deve abdicar de sua função, que é informar, avaliar e julgar", completou o mestre da crítica de cinema.

A crítica como filtro anti-spam: paradigmas e responsabilidade

José Carlos Monteiro acha que, na conjuntura contemporânea, a função da crítica ganha uma importância ainda maior. "Enquanto no passado era possível ver e opinar sobre praticamente tudo que era lançado, hoje isso é inviável, devido à quantidade de lançamentos e à heterogeneidade da produção. Nesse sentido, a  crítica pode funcionar de forma semelhante a um 'bloqueador de spam'. Ou seja, poderá impedir que o público seja submetido ao lixo em circulação no universo audiovisual, da mesma forma como se impede a contaminação dos nossos PCs e celulares por enxurradas de spams."

Para o especialista, a justificativa ou responsabilidade da crítica consiste em hierarquizar, conferir prioridade àquilo que dignifica a arte e eleva o ser humano. "A crítica é uma atividade múltipla, que se expande por várias áreas do conhecimento. Por desconhecimento e mesmo arrogância, muitos críticos optam por abordar os filmes numa perspectiva psicanalítica, sociológica ou semiológica, sem, no entanto, dominar os conceitos necessários ou sem ter experiência para isso."

José Carlos Monteiro vai mais além e dispara: "A crítica tradicional está em declínio há décadas, e não só por causa de paradigmas autoritários ou de um “divórcio” do gosto do público, cada vez mais consumista e alienado."  Dentre as razões para esse declínio, destaca a própria ordem estrutural: "A mídia impressa perde espaço rapidamente, pois sofre o impacto das mudanças tecnológicas."

"Na Internet multiplicam-se os sites e blogs repletos de materiais históricos, econômicos e sociais, tudo de graça. Nesse horizonte apareceram muitos cinéfilos cultivados ? não meros fãs ?que nos propõem perspectivas interessantes em relação a filmes. Ocorre que, em meio a espaços sérios há, também, um exagero de spams. Isto quer dizer que faltam critérios e  parâmetros, e sobram altas doses de subjetividade. Por isso os chamados 'sites de crítica' também experimentam uma dose de declínio", constata. "Acredito que o curso poderá contribuir para uma discussão proveitosa sobre os rumos da crítica de filmes na atual conjuntura", conclui José Carlos.

O ciclo é aberto a pessoas de todas as idades e contempla uma variada gama de públicos. "Vale tanto para o crítico, profissional ou aspirante, como para o público de cinema, de todas as idades e vertentes", acrescenta Aida Marques.

José Carlos Monteiro é Professor Associado do Curso de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi crítico nos jornais O Globo, Jornal do Brasil e Tribuna da Imprensa, e também nas revistas IstoÉ e Visão. Dirigiu o Museu da Imagem e do Som (MIS) e foi conselheiro do Museu de Arte Moderna. Foi diretor e editor das revistas "Filme Cultura" e "Guia de Filmes", do INC (Instituto Nacional do Cinema). É autor de “História visual do cinema brasileiro” e "80 ans du cinéma brésilien¨. 

“Questão de Crítica” terá exibição de filmes, leitura e produção de críticas com supervisão do professor e, sobretudo, debates abertos sobre os rumos do cinema nacional na contemporaneidade. Ao longo de seis dias, o ciclo busca aprofundar o interesse no ofício da crítica cinematográfica – e, assim, contribuir para fortalecer o livre fazer e o livre pensar do cinema nacional, mas com um olho apuradíssimo para o universo do cinema em si.

Serviço

5 a 10 de maio no Cinema 2 da Caixa Cultural

Av. Almirante Barroso, 25 – Centro

5 a 8 de maio, terça a sexta: das 18h às 20h45

9 e 10 de maio, sábado e domingo: das 16h às 20h45

Inscrições por email: [email protected]

Número de vagas: 80

Entrada franca mediante inscrição prévia

https://www.facebook.com/prod.questaodecritica

[email protected]