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Cultura

Simone Mazzer & Cotonete: Uma mistura sonora para ouvidos apurados

De um lado uma cantora de voz potente, visceral com o que escolhe cantar (sobretudo no palco) e cujo surgimento na cena musical foi muito festejado. Do outro lado, oito instrumentistas franceses que, dez anos atrás, uniram-se para jam sessions e acabaram formando um grupo devotado ao jazz, funk e ao laid back. A cantora em questão é Simone Mazzer, laureada em 2016 com um Prêmio da Música Brasileira na categoria Revelação e indicada também na categoria Cantora Pop-Rock. E o grupo é o Cotonete, que, sem falsa modéstia e certo bom humor, se apresenta como a melhor banda de jazz-funk dos anos 70 no século XXI. E o encontro entre esses dois nomes resulta num disco diferente daquilo que ambos já fazem – e do que se esperava de Mazzer, sobretudo. Suingado, dançante e  também dolorido e apaixonado. Simone Mazzer & Cotonete é surpreendente e chega às plataformas digitais no fim do mês numa parceria entre o selo europeu Prado Records e a Cajá Arquitetura Cultural. O disco será lançado com shows, dias 25 e 26 de abril no Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro; e, dia 4 de maio, no Tom Jazz, em São Paulo. 

O CD de estreia de Simone Mazzer, “Férias em videotape”, foi recebido de forma calorosa pela crítica (escolhido pelo jornal O Globo um dos 10 melhores discos de 2015, por exemplo) e pelo público (sobretudo por aqueles que já a conheciam dos shows). Natural que um segundo álbum crie certa expectativa. Mazzer poderia ter optado, valendo-se de sua força cênica, por DVD e CD ao vivo. Seria previsível? Muito. Acontece que a moça não é dada a comodidades. E seu segundo disco é um projeto especial com o Cotonete,  grupo, formado por Florian Pellissier (teclados), David Georgelet (bateria), Jean Claude Kebaili (baixo), Farid Baha (guitarra), Franc Chatona (sax),  Benoit Giffard ( trombone), Christophe Elliot Touzalin e Paul Bouclier (trompetes).

Mazzer e alguns integrantes do grupo se conheceram em 2012, quando ela viajou pela França com projetos teatrais. Mas somente em 2016 resolveram fazer algo juntos. E assim começaram a selecionar as músicas para o repertório. Um disco pode ser algo aleatório para muitos artistas. Uma mistura de referências e influências musicais. Não no caso de Mazzer & Cotonete. E o resultado são 11 faixas que unem temas  brasileiros e internacionais (três francesas e uma em inglês), alguns esquecidos por  terem sido originalmente registrados somente nas vozes de seus compositores ou na dos grupos que os lançaram. 

E o repertório traz “Pipoca moderna”, de Caetano Veloso, em nova roupagem que foge do minimalismo (ainda que orquestral) do registro original, de 1975. “Je dois m’en aller” ganhou ar pop retrô  que evoca mais uma Dalida do que o tecnopop do Niagara, grupo que a lançou em 1985. E as escolhas recaem ainda por  “Comment te dire adieu” (Gainsbourg), sucesso na voz de Françoise Hardy,  ou mesmo “Kriola” (Hélio Matheus) e “Se você pensa” (Roberto e Erasmo), gravadas por Wanderléa. Definidas as canções, em julho de 2016, a cantora aportava em Paris para as gravações do álbum, concluídas em duas semanas na Cave Studio.

Esse desejo de projeto coletivo traz releituras antológicas e, por que não?, curiosas. “Bachelorette”, gravada originalmente por Björk,  virou uma marcha-rancho, por exemplo. Já “Eu bebo sim” tem um clima sofisticado que evoca aos dos funerais na cidade americana de Nova Orleans, berço do jazz  nos EUA.

O álbum resulta numa declaração de amor (e de filiação) ao suingue da música negra que sacode o planeta de meados dos anos 70 para cá. É vintage sem ser datado. Saudosista sem ser retrógrado. Um álbum que tem tudo para cativar quem se interessa pelo que é feito hoje em matéria de música no mundo. É apurar os ouvidos e aumentar o volume no som.

Serviço Show: 

Simone Mazzer & Cotonete

25 e 26 de abril, terça e quarta-feira

SESC Copacabana (R. Domingos Ferreira, 160 - Copacabana.  Tel: (21) 2548-1088)

Horário: 20h30m

Preço: R$ 25 (inteira), R$ 12 (meia  entrada) e R$ 6 (Associados Sesc)

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