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Fundos abutre: Argentina paga nesta 3a feira, mas acionistas não poderão cobrar

Governo vai depositar pagamento dos juros do bônus Par, diz matéria do Clarín

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“O governo argentino vai depositar nesta terça-feira (31/03) o pagamento dos juros do bônus Par. Em meio à polêmica com o juiz Thomas Griesa e com o Citibank, a quem a CNV suspendeu a licença para operar no mercado de capitais, o ministério da Economia enfrentará o vencimento de US$ 189 milhões”. É o que diz uma matéria de Marcela Pagano do jornal argentino Clarín.

“Só vai cobrar quem possui o título sob legislação argentina e cobrem localmente. Seguirão sem receber os dólares os detentores de bônus sob a lei nova-iorquina e inglesa e aqueles com títulos sob jurisdição argentina mas cobrados fora do país”.

“A decisão de Griesa volta a forçar a Argentina a estender o default técnico no qual entrou em meados do ano passado, que em dezembro de 2014 já alcançava os US$ 1,3 bilhões. A decisão do juiz nova-iorquino de travar os pagamentos dos bônus emitidos em lei local, agravou a situação. Nas últimas horas Griesa avaliou o acordo celebrado entre Euroclear (encarregado da distribuição dos interesses de credores na Europa) e os fundos abutre. Nesse pacto, a entidade se comprometeu a não pagar o dinheiro que o Citibank girar pelo vencimento do Par (em troca os fundos vão desistir de citar judicialmente a Euroclear pedindo informação sobre seus mecanismos de pagamento e o detalhe de clientes)”.

Tanto no Palácio da Fazenda como no Banco Central confirmaram ontem ao Clarín que o dinheiro ficará depositado a partir de hoje na Caja de Valores. Quem poderá cobrar seus interesses? Os detentores de Par emitidos em pesos (que equivalem a US$ 6 milhões), e os detentores de Par denominados em dólares sob a lei local mas que cobrem na Argentina. Segundo dados informados pelo Citibank a Griesa, há 660 argentinos e 7 companhias locais que vão cobrar no país. Por estes títulos o governo desembolsaria cerca de US$ 16 milhões, dos quais US$ 3,7 milhões, como disse Axel Kicillof na semana passada, vão pagar as contas do Citibank.

No entanto, voltarão a ficar em um “limbo legal” cerca de US$ 67 milhões correspondentes a interesses de Par em dólares sob a lei nova-iorquina e por volta de US$ 100 milhões na legislação europeia, segundo dados da Secretaria de Finanças.

As últimas decisões de Griesa avançaram sobre um elo a mais da cadeia de pagamentos. O dinheiro que o Citibank recebia como custódia de bônus argentinos era o que logo a entidade girava ao Eurocleal (empresa distribuidora de pagamentos na Europa). O Citibank havia obtido autorizações judiciais excepcionais de pagamento nos últimos vencimentos, a diferença do Bank of New York Mellon que interrompeu diretamente seus pagamentos desde meados do ano por instrução judicial.

“A Argentina paga. Logo serão os detentores de bônus que, se não receberem o dinheiro, terão que reclamar judicialmente”, afirmaram ontem no Palácio da Fazenda ao Clarín.