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Jornalistas se manifestam contra demissões em massa em agência argentina

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Jornalistas, delegados sindicais e representantes de grupos políticos opositores marcharam nesta quinta-feira (5), em Buenos Aires, em rechaço à demissão de 357 trabalhadores da agência de notícias oficial da Argentina Telam, o que representa 40% do quadro de 900 pessoas.

O conflito na agência oficial começou há nove dias, quando chegaram dezenas de telegramas de demissão a funcionários de todas as dependências.

O governo de Mauricio Macri atribuiu a medida a uma reestruturação da agência oficial e denunciou o seu suposto uso político na gestão anterior, durante o governo da ex-presidente Cristina Kirchner.

Alguns dos manifestantes usavam vendas pretas nos olhos e na boca, simbolizando o que entendem como censura da informação.

Entre as 357 demissões há jornalistas de todas as seções, funcionários da área de publicidade e administração, com 10, 20 ou 30 anos de empresa, que ingressaram durante diferentes governos democráticos, asseguraram os representantes sindicais.

Em resposta, os trabalhadores mantêm ocupadas as duas sedes da agência. "Por medidas sindicais, o serviço se encontra temporariamente limitado", lê-se ao abrir o site da Telam, que ficou congelado antes da partida que classificou a Argentina para as oitavas de final da Copa do Mundo da Rússia.

Os trabalhadores apresentaram um recurso legal para voltar à situação de antes do conflito, alegando que a lei obriga as empresas a abrir um procedimento preventivo de crise quando as demissões são tão numerosas, o que não foi feito pela direção da agência, explicou à AFP o advogado trabalhista León Piasek.

Entre as demissões figuram "48 dos 90 correspondentes dentro do país, que representam o federalismo da agência", denunciou Claudio Orellano, reconhecido locutor e jornalista, um dos afetados pela medida e que trabalhava em Córdoba (700 quilômetros ao norte).

A Justiça obrigou na quarta-feira que a agência reincorporasse um jornalista demitido que está com câncer.

Na Argentina, 3.000 trabalhadores da imprensa foram demitidos ou perderam o seu emprego pelo fechamento dos meios de comunicação desde o fim de 2015, denunciaram os jornalistas que marcharam nesta quinta no centro de Buenos Aires, rodeados por uma forte operação policial.

Na semana passada, 50 trabalhadores da privada Radio del Plata também foram demitidos.