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Nós e nosso ambiente

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Inspirada na guarda de suas responsabilidades com a comunidade internacional, a Organização das Nações Unidas parece disposta a iniciar, talvez ainda neste ano, intensa gestão frente aos governos de países filiados, para que redobrem esforços na preservação dos recursos ambientais, pois, ainda que cada qual seja dono desses bens, protegê-los se afigura como de interesse universal. Em tempo, porque a década atual vai caminhando para chegar ao seu final com um balanço preocupante, porque, entre outras razões, vão se tornando cada vez mais numerosas as instituições a alimentar semelhante preocupação, convém lembrar que quase todas se restringem a condenar indústrias poluentes como se apenas elas agredissem os recursos ambientais, em nome do progresso. Há muito mais com que se preocupar, como ficou claro na conferência de Kioto.  

De certo que, mantida a disposição da organização internacional, o Brasil estará figurando no primeiro rol das preocupações, tratando-se do detentor de considerável parcela dos recursos que a natureza dispôs a serviço da vida e do bem-estar. Nesse particular, não é muito o que temos feito. Precisávamos fazer mais. Temos o bastante a reclamar atenções. 

Dirá o governo que foi possível reduzir em 16% o desmatamento predatório da Floresta Amazônica. Se não é pouco, não deixa de ser conveniente lembrar que ainda restam 84% a cobrar incursões preservacionistas, enfrentando madeireiros clandestinos, os machados e as máquinas demolidoras; sem esquecer que muitos dos invasores trabalham com a simpatia de indígenas, que, em tese, da terra são proprietários para proteger. 

A Chapada dos Veadeiros, atração permanente para turistas brasileiros e estrangeiros, tem 400% a mais nos espaços sujeitos a cuidados permanentes, também está a nosso favor. Outra riqueza para ameigar o orgulho nacional, digna de ser mostrada à ONU, é a reserva ambiental oceânica, a maior do mundo. E aqui cabe relevar a expectativa dos cariocas de fazer figurar nos cuidados dessa reserva a poluída Baía de Guanabara. O governo não tem como desconhecer que esse braço do mar, que enfeita e exalta a natureza, é o melhor cartão de visita que o Brasil abre para o mundo. O Rio a nada mais aspira, além desse reconhecimento, para receber especiais cuidados. O que basta para que o Brasil adira logo. 

Vastíssimo é o campo a dominar preocupações prioritárias da Organização no que se refere ao meio ambiente. Um campo imenso, onde cabem multifacetadas iniciativas preservacionistas, ou que reclamam enfrentar desafios, apesar de muitos concorrerem para o desânimo, como as guerras. Pode parecer estranho citá-las, mas as Nações Unidas não podem desconsiderar que, hoje como sempre, nada é mais poluente, mais degradante para a natureza, que o guerrear entre as nações. Com ele desaparecem ou agonizam a vida, a terra, o ar, os rios e os mares. 

Tudo pode parecer um sonho, o intangível, mas o fato de o ideal viajar por plagas distantes não justifica abandonar o possível. E o que nós e todos os outros povos, principalmente os aquinhoados com as maravilhas, têm de promover persistentes campanhas educativas, tanto quanto nossas forças permitirem. E, com singular objetividade, que se voltem para as populações jovens, essas que vão chegando, e com algo muito a seu favor: não herdaram o mal do descaso ambiental que vem das gerações anteriores, aquelas de um tempo em que a natureza nada mais era que escrava serviçal dos homens. Perceptível o surgimento de uma nova mentalidade, vale acreditar.