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O que dizem as pesquisas?

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Não há muito o que cobrar e esperar das pesquisas sobre a sucessão presidencial, quando começam a ser divulgadas; nada além de uma certa função pendular sobre possibilidades, que, por hora, nada têm a ver com a concretude. O que elas pretendem é mostrar o balanço do posicionamento das peças dispostas para um jogo que, neste momento, se restringe aos gabinetes e aos bastidores que decidem. Por hora, os possíveis candidatos chegam ou saem, ou entram apenas para se cacifarem nas composições. Nem se poderia considerar iniciada a corrida à cadeira em que hoje se assenta o presidente Temer. Mesmo porque, após conhecidos os esquemas políticos que os cercam, e melhor avaliadas as competências eleitorais de cada qual, é que vai entrar a fase seguinte do processo, isto é, a filtragem, com a execução fulminante dos que demonstrarão fôlego insuficiente para disparar. Por fim, virá a ordem de partir, a ser dada pelas convenções partidárias. Tudo isso elencado para confirmar que as pesquisas, neste momento, têm escassa competência profética. 

Mas elas ocupam um espaço, cuja importância jamais haveria de ser negada. Quando se trata de política, vão revelando capacitações e excitam preferências. Considerados alguns detalhes e diferenças, são como o lançamento de um produto de consumo no mercado. O que elas estão anunciando ao ”mercado” eleitoral são personalidades que se dizem capazes de corresponder aos sentimentos e anseios da população. Um exercício que, nos últimos tempos, conseguiu aperfeiçoar-se sensivelmente. E este é um detalhe que não deve ser ignorado. 

Aperfeiçoadas, com apoio de estratégicas psicológicas, são raros os erros gritantes, quando revelam possibilidades e dificuldades dos candidatos no confronto com as urnas. É o que faz crescer seu prestígio ao se deflagrar a disputa; e quem tem parte no cenário não abre mão de considerá-las. Em 2018 não será diferente, quando chegar o momento conveniente. 

Ressalve-se, porém, que nem por isso conseguem escapar de contestações, muito frequentes da parte dos concorrentes que não levantam voo e padecem em posições inferiores. Como também não faltam os que sugerem sua eliminação nos anos eleitorais, enquanto outros, mais condescendentes, acham que só deviam ter sua divulgação autorizada nos dez ou quinze dias que antecedem a votação. Para esses, a limitação evitaria que as tendências influenciassem os votos dos indecisos e daqueles que esperam as planilhas dos pesquisadores, porque “não gostam de votar em quem vai perder”, tendendo a optar por quem se apresenta melhor colocado nas supostas preferências. Na Universidade de Minas Gerais, há alguns anos, realizou-se um estudo a respeito desse tipo de eleitor, para concluir que ele tem todo o direito de deixar-se influenciar... No caso nacional, um inconveniente a considerar é que, quando a pesquisa aponta um franco favorito, é para ele que correm os financiamentos, e então  começa a se tornar refém de interesses.  

A legislação eleitoral brasileira nunca se sensibilizou diante dos argumentos favoráveis à limitação de prazos para a revelação de pesquisas, muito menos para impedi-las na véspera do pleito. Pensam de forma diversa juízes de outros países, ao adotarem sua exclusão, ante a necessidade de ao eleitor ser garantido tempo de sossego para refletir, antes de decidir o voto. 

Quanto a tais limitações, temos, entre nós, defensores favoráveis e contrários, sem que se possa dar razão total a uns ou a outros. Entre eles não se fazem ausentes os que colecionam más experiências no Exterior, para manter suas reservas. Citam, por exemplo, os Estados Unidos, onde divergências já existiram, sem estarem extinta de vez. Mas lá ocorreram vexames terríveis, como na disputa entre Truman e Eisenhower, em 1952. As pesquisas falharam muito ao autorizar Truman a comemorar; mas ele acabou derrotadíssimo.