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Brasileiro sem cheirinho carioca

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Começa hoje o Campeonato Brasileiro e, uma vez mais, os sonhos dos clubes cariocas parecem restritos a, na melhor das hipóteses, vagas na Libertadores. Os rubro-negros, claro, dirão sempre que brigarão pelo título mas, convenhamos, diante da bolinha murcha que seu time vem jogando, isso só pode ser visto como um exagerado surto de otimismo. Não há nenhum cheirinho agradável no ar, vindo da Gávea ou do Ninho do Urubu.

Das Laranjeiras, de São Januário ou de General Severiano tampouco pode-se aspirar odores de campeão. Se Abel, Zé Ricardo e Alberto Valentim trabalharem bem o limitado material de que dispõem (e que, difi cilmente, será muito reforçado), no máximo, evitarão sustos e dissabores maiores na parte de baixo da tabela. 

Há pelo menos três clubes com times e elencos nitidamente melhores que os cariocas: Palmeiras, Grêmio e Cruzeiro. E outros que também parecem mais prontos: Corinthians, Atlético Mineiro e Santos. Fora o São Paulo, que tem um amontoado de bons jogadores, mas ainda não se acertou – como o Flamengo. Que role a bola. E, tomara, que minhas previsões pessimistas não se confirmem.

ET no Fla 

No dia em que (muito a contragosto) demitiu o executivo de futebol Rodrigo Caetano, o treinador Paulo César Carpegiani e vários outros membros da comissão técnica, o presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello se reuniu com os jogadores e... pediu ajuda para terminar bem o mandato!!! Se o UOL, que revelou o fato, na última sexta-feira, não tivesse checado a história com o próprio cartola (que não quis comentá-la, mas não teve coragem de desmenti-la), juro, nem acreditaria. Nunca houve na história do clube rubro-negro presidente tão, tão... Deixa pra lá! Durante o vergonhoso pedido de arrego, Bandeira perguntou ainda ao elenco se queria que os “ladrões de antes” voltassem a dirigir o clube (o termo ladrões foi o único que negou, provavelmente, com medo de algum processo). Como se jogador de futebol fosse minimamente preocupado com o futuro do clube e quem fosse dirigi-lo no futuro. É assustador porque após mais de cinco anos à frente do Flamengo, seu presidente parece não ter aprendido rigorosamente nada do mundo do futebol. Continua a se portar como a grã-fina de narinas de cadáver, de que nos falava Nelson Rodrigues, aquela que, ao entrar no Maracanã, perguntava excitada “quem é a bola”? Agem, como já escrevi aqui, como freirinhas inocentes numa casa de experimentadas prostitutas. A saída de Éverton, para o São Paulo, é mais uma prova desse comportamento eternamente passivo entre a ingenuidade e a idiotice. Nem acho que tal jogador seja tão importante, como muita gente apregoa. Pra mim, é apenas mediano e esforçado. Mas, bem ou mal, era titular. E a patetice reinante deixou-o sair para o Morumbi por uns trocados. Reconheço e aplaudo os significativos avanços em termos administrativos e financeiros da gestão Bandeira de Mello. Mas sua atuação no futebol é um fiasco, agravado pelo monte de dinheiro que se investiu e o sem número de contratações que fez. E não vai ser pedindo candidamente a ajuda aos jogadores que isso mudará.

Em tempo 

Aliás, um daqueles ao qual pediu ajuda vazou a história... Pano rápido.

Vitória de campeão 

Vencendo o Audax Italiano, fora e de virada, o Botafogo entrou com o pé direito na Sul-Americana. Na segundafeira que vem, estreia no Brasileiro encarando logo o principal favorito, o Palmeiras, no Nílton Santos. Tremenda prova de fogo. Vencer em casa é obrigação para aqueles que pretendem sonhar alto no campeonato. Mas, diante do adversário, um empate não é mau resultado. A diferença técnica entre os dois elencos é gigantesca. Vamos ver quantos volantes escalará o treinador botafoguense.

Final antecipada?

Uma pena que o sorteio tenha colocado frente a frente Real Madrid e Bayern de Munique. Diante dos quatro que restaram, essa seria, teoricamente, a final mais interessante. Mas, cá entre nós, depois daquele pênalti mandrake, no último lance do jogo contra a Juventus, bem-feito para os merengues. Vou torcer pelos alemães. E para que o Liverpool derrote o Roma, na outra semifinal.

Esforço patético

 O Datafolha tenta de todas as formas fazer a torcida do Corinthians se igualar à do Flamengo. No último levantamento, declara “empate técnico”, porque os rubro-negros aparecem com 18% e os corintianos com 14% - alegam que a margem de erro é de 4% (não sempre foi 3%?). Agora, pergunto: e se em vez de diminuírem esses quatro do Fla, aumentando quatro pro Timão, pra encontrar o tão sonhado empate, fizessem o contrário? Daria Flamengo 22, Corinthians, 10. Dentro do raciocínio da mesmíssima margem de erro. Mas essa conta, claro, o instituto paulista não fará jamais. É ridículo!