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Sem tática, sem alma, sem nada

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O que mais impressiona e irrita na incipiente forma de jogar do Flamengo é a sensação que se tem da absoluta falta de estratégia e a certeza cristalina da inexistência de jogadas ensaiadas. Quem vê o time rubro-negro em campo fica com a nítida impressão de que nada foi treinado, nada planejado, nada discutido. Distribui-se as camisas e os jogadores que se virem. E o que eles fazem em noventa por cento das vezes? Jogam bolas altas sobre a área. É crível que algum treinador que se preze ache normal (e, o pior, aceite) que isso se repita, “ad nauseam”, os 90 minutos? 

Não se vê uma jogada de ultrapassagem (que saudades do “overlapping” de Cláudio Coutinho!), uma triangulação bem-feita, uma falta cobrada em lance ensaiado, um escanteio trabalhado, uma simples tabelinha. Nem chutes da entrada da área se vê mais. 

Diego, que deveria ser o maestro do time tem sido, na verdade, o seu freio de mão. Recebe a bola, rodopia pra lá e pra cá, atrasa os contra-ataques, cava faltas sem parar e, em todas elas, executa a cobrança em centros altos sobre a área, num autêntico, monótono e ineficiente samba de uma (manjadíssima) nota só. 

Impressiona como o Flamengo não sabe mais nem se posicionar no gramado. Quando um tem a bola, os outros se escondem, em vez de se aproximar para dar opções e criar jogadas. Consequência direta disso, tome de toquinho pro lado e pra trás! Quantas vezes se viu, nas últimas partidas, o rubro-negro, com a bola dominada na intermediária de ataque, acabar recuando, recuando até tocar para o seu próprio goleiro!?!? Virou coisa corriqueira, embora absurda. 

Ah, mas a marcação adversária estava forte, a defesa fechada! E os jogadores rubro-negros não sabem mais se desmarcar? Não sabem driblar? Não sabem abrir espaços? Na verdade, parece que, faz tempo, não sabem mais nada.

Não sabem nem analisar o que fazem porque, haja o que houver, saem dizendo que o time jogou bem, que fez tudo o que tinha que fazer e tropeços acontecem... E tome de fiasco.

É injusto culpar o interino Maurício Barbieri pelo futebol medíocre que esse time joga, desde os tempos de Zé Ricardo. Mas é difícil crer que será ele o treinador capaz de mudar esse triste panorama. O Flamengo precisa de um técnico com muito mais bagagem e, principalmente, personalidade forte o bastante para comandar de fato o departamento de futebol, livrando-o da nefasta influência de Bandeira de Mello e Fred Luz, que não são do ramo, comemoram sexto lugar no Brasileiro, acham que chegar à final basta e, com suas “proteções” e (desastradas) intervenções tornaram esse elenco tão sem alma e sem tesão quanto eles.

Que ?m levou? 

Cadê o Trauco? O peruano pode ser fraco na marcação, mas é mil vezes melhor que o limitadíssimo Renê. Essa opção pela mediocridade diz muito da visão (ou melhor, cegueira) do treinador que o escala.

Goleada impiedosa 

A avenida aberta no lado esquerdo de sua defesa determinou a derrota do Vasco, por goleada, diante do Racing, no Cilindro. O resultado deixa os cruz-maltinos em situação desesperadora no grupo 5 da Libertadores, onde tem apenas um ponto e ocupa a lanterna.

Escalando três volantes no meio-campo, nem assim Zé Ricardo conseguiu proteger sua zaga. Em noite inspirada, Martin Silva ainda fez alguns milagres (inclusive pegando dois pênaltis) mas, sempre pelo lado direito do ataque, os argentinos promoveram autêntico carnaval, abrindo 2 a 0, no primeiro tempo, e ampliando no segundo, sem dificuldades, quando o Vasco tentou se lançar desesperadamente ao ataque. 

Goleando Cruzeiro e Vasco, com autoridade, o Racing, do excelente atacante Lautaro Martinez, credencia-se como um dos favoritos ao título da Libertadores. Em seu time brilham três jogadores que atuaram no Brasil: Centurión (ex-São Paulo), Lisandro Lopes (ex-Internacional) e Donatti - zagueiro que foi claramente boicotado pela panela da Gávea, em seus tempos de Fla. Esse, o presidente Bandeira não protegeu. Preferia Rafael Vaz... E depois reclama quando se diz que ele não sabe nada de futebol.

Que pena! 

Novak Djokovic evoluiu em relação aos primeiros torneios do ano, mas ainda está a anos-luz daquele jogador espetacular que dominou o circuito por praticamente quatro temporadas e venceu os quatro torneios do Grand Slam em sequência, algo que nem Nadal nem Federer conseguiram. Diante de Dominic Th iem, Nole esteve sempre contra as cordas, cometeu um número exagerado de erros não forçados e, mesmo vencendo o primeiro set, de virada, não empolgou. Acabou derrotado por 6/7, 6/2 e 6/3 e, dessa forma, perdeu a oportunidade de enfrentar o Miúra, na próxima rodada do Masters 1000 de Monte Carlo. Th iem e Rafa Nadal se enfrentarão nas quartas-de-final. O espanhol, como de hábito, está voando no saibro, sua superfície predileta. Acho que ganhará o seu décimo-primeiro título em Mônaco – e em Roland Garros.

Gurizão 

Conhecido por seu bom humor, Oscar “Mão Santa” Schmidt, certa vez, me disse uma frase com a qual concordo integralmente: 

- Crianças, nós somos a vida inteira. O que muda é o preço dos brinquedos.