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De Mbappé a Pikachu

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Copas do Mundo deveriam obrigar torcedores e jornalistas a um período de desintoxicação obrigatória. No já longínquo ano de 1978, quando cobri o meu primeiro Mundial, como enviado especial do JB, recordo-me do que foi assistir, num domingo, à final entre Argentina e Holanda, no engalanado Monumental de Núñez, e no final de semana seguinte tive que ir a Volta Redonda, reportar o duelo entre o Vasco e o Voltaço, no velho e carcomido Raulino de Oliveira. Ninguém merece...

Lembrei de tal contraste no momento em que vi, anteontem, pela TV, a gorda ratazana que se aventurou pelo gramado de São Januário, durante a partida entre Vasco e Bahia - vitória cruzmaltina e classificação baiana, na Copa do Brasil. Choque de realidade na veia. Não bastasse a abissal diferença técnica entre Mbappé e Pikachu (o melhor vascaíno), ainda somos obrigados a ver roedores passeando pelos nossos toscos gramados? Já não bastam os ratos que nos habituamos a ver de cartola?

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Como pode? 

Pelo menos três jogadores do Vasco tiveram problemas musculares na partida contra o Bahia. Algo inadmissível depois de um período de descanso e treinamentos, graças à parada para a Copa. O presidente do clube, que é médico, tem que chamar os preparadores físicos às falas.

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Forte no papel 

Se o Flamengo escalar Guerrero e Uribe juntos terá hoje, contra o São Paulo, um ataque mais forte do que aquele que vinha jogando, apesar da ausência de Vinícius Jr. O peruano é muito superior a Henrique Dourado e o colombiano, que também sabe jogar pelo lado de campo, vem de três boas temporadas no Toluca, do México. O que pode faltar é entrosamento. 

Nos treinos, entretanto, Maurício Barbieri vinha optando por um ou por outro, mantendo Marlos Moreno, pela esquerda, no lugar de Vinícius Jr. Não me parece a melhor escolha, a menos que Moreno comece, enfim, a mostrar o futebol que jogava no Atlético Nacional de Medellin, faz um bom tempo. De lá pra cá, passou pelo Manchester City, pelo La Coruña e pelo Girona e não fez nem sequer um gol.

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Coincidência? 

Cuellar, Berrio, Reinaldo Rueda, Moreno e agora Uribe. Quem é o empresário que traz todos esses colombianos para o Fla?

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Penúria 

Vai-se o Douglas, vendido, vem o Júnior Dutra, emprestado. É evidente o prejuízo técnico do Fluminense nessa negociação com o Corinthians. A única vantagem é financeira, exatamente o que o tricolor está buscando, nesse momento de penúria. Por saber disso (e da enorme possibilidade de perder outros jogadores, como o centroavante Pedro) foi que Abel jogou a toalha. Marcelo Oliveira, seu substituto, terá que cortar um dobrado para evitar um desastre. O Flu está, no momento, a apenas dois pontos da zona do rebaixamento. Senão vencer o clássico contra o Vasco, amanhã, a luta contra a degola passará a ser pra já. 

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Estreia dura 

Assim como Marcelo Oliveira estreará, no Flu, em um clássico, Marcos Paquetá, novo treinador do Botafogo terá uma prova de fogo em seu primeiro compromisso à frente do Glorioso. Encarar o Corinthians, atual campeão brasileiro, no Itaquerão, não é para os fracos. É verdade que o Timão já não joga o futebol eficiente do ano passado e que sofreu perdas importantes, durante a Copa. Ainda assim, Paquetá, que está há muitos anos no exterior, terá que tirar alguns coelhos da cartola. Trará alguma novidade interessante de fora?

Nole espetacular 

Sou um grande fã de Novak Djokovic mas, confesso, já tinha até perdido as esperanças de vê-lo voltar a jogar no altíssimo nível que mostrou entre 2011 e 2016, quando ninguém ganhou mais títulos de Grand Slam do que ele, que chegou a vencer os quatro seguidos – Wimbledon e US Open 2015 e Aberto da Austrália e Roland Garros 2016. Daí pra frente, uma contusão no cotovelo o obrigou, inicialmente, a parar por seis meses e, posteriormente, a fazer uma cirurgia no cotovelo.

Nesse meio tempo surgiu um guru que parece ter lhe tirado toda a gana que tinha nas quadras e houve uma frenética troca de técnicos, que foram de Boris Becker a André Agassi, passando por Radek Stepanek. Tudo em vão. Nole não era mais nem sombra daquele tenista espetacular, dono da melhor devolução do circuito e de uma disposição em buscar todas as bolas, só comparável à de Rafael Nadal. 

Pois foi com a volta do velho treinador Marian Vajda e exatamente diante de seu grande adversário que Djokovic reencontrou o seu jogo. Primeiro numa semifinal, no saibro de Roma, na qual foi derrotado, mas fez um primeiro set de levantar a plateia. E agora em Wimbledon, em outra semifinal espetacular, que durou mais de cinco horas (jogada em dois dias), onde abriu caminho para o seu décimo terceiro título de Grand Slam, o quarto na grama inglesa. 

Que pena que Roger Federer, derrotado do outro lado da chave, nas quartas de final, não foi o seu adversário na grande final. Seu algoz, Kevin Anderson, não deu nem pra saída. O US Open promete.