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Agosto, desgosto para o Flamengo

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Quando a bola rolou, confesso, já torci o nariz para Vitinho e Lincoln no banco. Imagine aos nove minutos, quando Rodinei dormiu no ponto, dando condições para que Arrascaeta, completamente livre, marcasse o primeiro gol da partida? Quem é mesmo que acha que o Flamengo não precisa de reforço nas laterais? Como é burro o centro de inteligência rubro-negro!

Ao levar um gol como mandante (critério de desempate, na Libertadores), a situação rubro-negra já se complicou. E, aos 21 minutos, Rodinei errou de novo (em um passe mal feito para Everton Ribeiro), armando contra-ataque que o Cruzeiro só não transformou no segundo gol, porque Thiago Neves, sozinho, cabeceou no travessão.

Eficiência e tranquilidade de um lado, nervosismo e mesmice do outro. As únicas ações ofensivas do Fla eram cruzamentos altos, principalmente na cobrança dos escanteios. Uribe acertou duas cabeçadas para fora e na terceira, Fábio fez boa defesa. E tome de bola pela direita do ataque, com Everton Ribeiro e Rodinei encontrando enorme dificuldade para armar algo produtivo. Tudo que o ataque rubro-negro conseguia era um corner atrás do outro. Mas nada de gol. Aos 45 minutos, Rodinei teve duas chances seguidas. Chutou ambas em cima de Fábio. E acabou o primeiro tempo.

Após o intervalo, nenhuma modificação nas escalações (como Barbieri pode ter gostado do que viu?), nem no panorama do jogo. E só aos 18 minutos, enfim, entrou Vitinho. No lugar de Jean Lucas! Moreno, que não fazia nada na esquerda, foi para a direita, onde continuou a ser inútil, até os 30 minutos, quando deu lugar a Lincoln. Zona total.

Completamente desestruturado, o Flamengo se abriu para os contra-ataques do Cruzeiro e acabou levando o segundo gol, praticamente sepultando suas chances na Libertadores. Um desastre completo. Em três jogos, por três competições diferentes, o rubro-negro fez apenas um ponto. Desempenho ridículo para quem sonha com qualquer título este ano. A carruagem rubro-negro virou uma medonha abóbora.

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Parabéns para uma lenda

Há atletas tão extraordinários que conseguem extrapolar o esporte que praticam e se tornam ícones mundiais, admirados até por aqueles que não têm por hábito vê-los em ação. É o caso do suíço Roger Federer, que completou 37 anos, ontem, e é visto pela maioria dos fãs de tênis como o melhor jogador de todos os tempos – embora entre os historiadores das quadras haja uma eterna dúvida entre ele e Rod Laver, por conta dos dois Grand Slams conquistados pelo excepcional australiano (vencendo o Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e o US Open, numa mesma temporada, em 1962 e 1969). Feito que Rod poderia até ter repetido mais vezes, não fosse obrigado a se afastar do circuito entre 1963 e 1967, por ter se tornado profissional.

Roger não conseguiu tal façanha, é verdade, mas é o recordista de títulos de Grand Slam (20) e já venceu três dos quatro principais torneios em, pelo menos, cinco ocasiões. Roland Garros, onde triunfou apenas em 2009, é seu calcanhar de Aquiles, impedindo-o, em três oportunidades, de igualar Laver: 2004, 2006 e 2007, quando o suíço ganhou na Austrália, em Wimbledon e no US Open, mas caiu no saibro parisiense. Em 2004, diante de Guga, na terceira rodada, e em 2006 e 2007, nas finais, perdendo para o espanhol Rafael Nadal.

O carisma de Roger, entretanto, vai muito além de seus inúmeros troféus. Aquele jovem cabeludo, inegavelmente talentoso, mas irregular e temperamental que despontou no universo do tênis, em 2001, ao derrotar o quase imbatível Pete Sampras, na grama sagrada de Wimbledon (onde o americano vencera sete dos oito últimos torneios), tornou-se um gentleman das quadras e na vida.

Seu espírito esportivo, sua postura ética, sua simpatia e sensibilidade encantam o mundo, seja nas lágrimas de alegria pela emoção de ver os filhos pequenos testemunhando uma conquista, na tribuna (Wimbledon, 2017); seja no incontido choro de tristeza, em derrotas especialmente doloridas, como na final da Austrália, em 2009, para Rafael Nadal.

Aos 37 anos, o que se pergunta é até quando poderemos desfrutar do imenso prazer de vê-lo na quadra, exibindo seu tênis clássico, perfeito, inigualável. Quando Rafael Nadal surgiu, muitos acreditaram que seria o fim de Federer – até pela diferença de idade. Tal impressão se repetiu no momento em que Novak Djokovic passou a dominar o circuito de forma impressionante. Ambos, porém, já passaram dos trinta anos e Roger segue firme. Inabalável.

Entre 2012 e 2016, quando reinaram Rafa e Nole, o suíço não ganhou um título de Grand Slam. Jejum mais prolongado desde que se tornara o número 1 (em 2004) e que levou muita gente (eu, inclusive) a crer que o seu fim estava próximo. Ledo engano!

Em 2017, Federer voltou a venceu na Austrália e em Wimbledon, recuperou a liderança do ranking e este ano já triunfou novamente em Melbourne. Não joga mais a temporada de saibro, para se preservar. Até quando será capaz de se manter tão competitivo? Não sei. Mas torço para que permaneça assim por mais alguns anos. Para o deleite de todos nós. Parabéns, campeão!

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Palanque podre

Enquanto o Flamengo vai se desmilinguindo em campo, o presidente Bandeira de Mello, sorridente, faz campanha para deputado... Algum rubro-negro votará nele?