ASSINE
search button

Síntese da Conjuntura: Saindo da crise

Compartilhar

SAINDO DA CRISE

O comportamento da economia nacional no terceiro trimestre (julho/setembro) deste ano confirma os prognósticos anteriores de que está em curso um processo de recuperação. No 1º trimestre, a economia cresceu 1,3%, no 2º trimestre expandiu 0,7%. Agora, no 3º trimestre, o crescimento foi de apenas 0,8%, ante o trimestre anterior, mas chegou a mais 1,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2016. É a terceira alta trimestral consecutiva.

É importante relembrar que a recessão praticamente começou em 2014, quando o PIB nacional estacionou em apenas 0,5% de alta, caminhando para o aprofundamento da crise em 2015 (-3,5%) e 2016 (-3,5%).

Os dados atuais revelam um sentido nítido de recuperação mais consistente, com os investimentos registrando a primeira alta de 1,6%, após 15 quedas seguidas.

A produção industrial registrou crescimento de 0,8% no trimestre, com destaque para a indústria de transformação (+1,4%). O comércio teve expansão de 1,6%.

O setor agrícola registrou uma contração de 3% no 2º trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, mas ainda cresceu 9,1%, puxando o crescimento econômico.

A principal alavancada do crescimento, pelo lado da demanda, continuou sendo o consumo das famílias, que aumentou 1,2%, terceira alta consecutiva, basicamente sustentado pela alta de 1,4% da massa salarial no trimestre e de 4,2% na comparação anual.

O DILEMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Em meio à pior crise econômicopolítico-social, o que importa é a situação do Governo, mais do que a do Presidente isoladamente, expressa em termos da aprovação das propostas destinadas a corrigir o trágico desequilíbrio fiscal. É a saída da crise que está em jogo, em nome do interesse nacional.

Fica claro, a nosso ver, que as correntes políticas decididamente contra as reformas de base propostas pelo Governo Temer, agiram em flagrante posicionamento a favor de seus interesses corporativos, que nada têm a ver com o bem estar do País. É o caso típico do projeto de Reforma da Previdência: ou o Congresso aprova o projeto, sem remendos, ou o Brasil não sai do buraco em que foi jogado pelos Governos anteriores.

PREVIDÊNCIA SOCIAL

Desde que iniciamos o debate sobre a reforma da Previdência, políticos descomprometidos com a verdade e corporações de classes mais abastadas propagaram versões fantasiosas sobre suposta inexistência do rombo nas contas da Previdência. Atacam a reforma como sendo uma medida contra os pobres.

Os fatos desmentem toda essa publicidade fictícia. O Tribunal de Contas da União demonstrou que as contas da Previdência fecharam o ano de 2016 com o saldo negativo em R$ 227 bilhões — somados o regime geral e o regime próprio dos servidores públicos.

Trata-se de um buraco que cresce celeremente a cada ano, projetando alcançar a estrondosa cifra de R$ 285 bilhões em 2017.

Os gastos com Previdência (RGPS e RPPS civil e militar) e benefício de prestação continuada já representam 56% de tudo que o governo federal gasta, exceto juros, e em dez anos representarão 80%, suprimindo recursos destinados à Saúde, à Educação, à Segurança e a outros investimentos.

O Brasil necessita de uma reforma justa e capaz de conter o desequilíbrio fiscal da União, dando chances para a nação retomar o crescimento e se tornar menos desigual.

Eliseu Padilha é ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República (O Globo - 24/11/17)

O NATAL 2018

“As vendas do comércio no Estado de São Paulo, neste Natal, devem crescer entre 4% e 5% em relação a igual mês de 2016, depois de três anos consecutivos de queda que acumulam uma retração de 7%. A expectativa do setor é de que representem vendas de R$65,1 bilhões, ainda abaixo do recorde de R$ 66,4 bilhões de 2013. Este será, portanto, o segundo melhor Natal da década, conforme dados estimados pela Fecomércio de São Paulo.

É pouco, se visto pelo lado ruim da notícia. Afinal, passados quatro anos, o setor ainda não voltou ao padrão de vendas de 2013. Mas é possível fazer uma leitura positiva: com o fim da recessão o comércio quase retornou ao patamar do seu melhor fim de ano. Segundo Fábio Pina, assessor econômico da Fecomércio, esses dados podem ser extrapolados para o varejo nacional, cujas vendas devem aumentar em 3% a 5% este mês.

“A economia está melhorando, e o Natal será simbólico, porque marcará o ponto de inflexão”, acredita o economista. “E do jeito que termina o Natal começa o ano”. Ele estima, para 2018, uma expansão de 4% a 5% no varejo e um crescimento econômico de 3%. A atividade será puxada não só pelo consumo das famílias, mas também pelo investimento que, avalia, vai crescer acima do PIB, estimulado, sobretudo pelas concessões e privatizações. E conclui, convicto: “Estamos no caminho correto”.

Com juros SELIC de 7% ao ano – o mais baixo da série histórica – inflação em torno de 4% e crescimento por volta de 3% em 2018, o País vai gerar algo entre 800 mil e 1 milhão de postos de trabalho, com a criação de empregos acelerando na virada do primeiro para o segundo semestre, prevê Pina.”

Claudia Safatle (Valor – 8/12/17)

ATIVIDADES ECONÔMICAS

As vendas de papelão ondulado somaram 308 mil toneladas em novembro, de acordo com os dados preliminares divulgados pela Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO). O resultado reflete ligeira queda de 0,2% ante outubro, na série livre de efeitos sazonais. Ante o mesmo mês do ano passado, houve aumento de 7,9% das vendas, acumulando alta de 5,0% neste ano.

As vendas da Indústria de materiais de construção apresentaram queda de 4,8% na passagem de outubro para novembro, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de materiais de Construção (Abramat). Este resultado reflete as quedas de 2,3% e 5,9% nas vendas de materiais de base e acabamento, respectivamente, também na série livre de efeitos sazonais. Em relação ao mesmo período de 2016, as vendas totais recuaram 3,0%, acumulando queda de 4,7% no ano.

PIB e Investimentos

A economia brasileira cresceu 0,1% em relação ao segundo trimestre de 2017 de acordo com os dados das Contas Nacionais divulgados em primeiro de dezembro pelo IBGE. Apesar da pequena taxa de variação, essa foi a terceira alta consecutiva nessa base comparativa.

A recente recessão econômica brasileira foi a mais longa e profunda já registrada pelas contas nacionais. Nos oito trimestres compreendidos entre os três primeiros meses de 2015 e o quarto trimestre de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) acumulou perda de 7,8%.

O resultado do terceiro trimestre analisado sob a ótica da oferta foi positivamente influenciado pelo desempenho da indústria (+0,8%) e pelo setor de serviços (+0,6%). A agropecuária (-3,0%), que vinha sendo o destaque positivo nos últimos meses, auferiu seu pior desempenho desde o primeiro trimestre de 2016 (-5,5%).

Já o comércio que, após oito trimestres em queda havia crescido 2,2% entre abril e junho, foi a atividade econômica com melhor desempenho no período. A alta de 1,6% no trimestre foi a maior dentre as 12 atividades econômicas analisadas e se justifica diante da reativação das condições de consumo (regeneração do mercado de trabalho, inflação baixa, juros em queda e disponibilização de recursos extraordinários para o consumo).

Indústria

Os indicadores industriais divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostraram recuperação em outubro, após o fraco desempenho registrado em setembro. O faturamento real aumentou 1,7% em relação ao mês anterior, descontada a sazonalidade. No mesmo sentido, o nível de utilização da capacidade instalada avançou ligeiramente no período, ao passar de 77,5% para 77,7%. A massa salarial e o rendimento médio cresceram 0,3% e 0,9%, nessa ordem. O nível de emprego ficou praticamente estável no período (avanço de 0,1%), enquanto o número de horas trabalhadas recuou 0,7%.

A produção industrial cresceu 0,2% entre setembro e outubro, descontados os efeitos sazonais, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM). Na abertura por categoria de uso, o crescimento na margem foi explicado pela expansão de 1,1% da produção de bens de capital e de 1,0% de bens de consumo. Já a produção de bens intermediários recuou 0,8%, revertendo o crescimento do mês anterior. Na comparação interanual, a atividade industrial subiu 5,3%, acumulando alta de 1,9% neste ano.

Comércio

Os comerciantes brasileiros ficaram mais otimistas na passagem de outubro para novembro, segundo a CNC. O índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) subiu 1,9% para 109,3 pontos em novembro, mantendose acima de 100 pontos. Na comparação com novembro do ano passado, o aumento foi de 10,6%. A melhora gradual da atividade econômica, a desaceleração da inflação e a redução dos juros e do custo do crédito vêm beneficiando o poder de compra das famílias e impulsionando, aos poucos, as vendas do comércio. Além disso, existe uma grande expectativa dos comerciantes para as venda de final de ano.

A Intenção do Consumo das Famílias (Icf) alcançou em novembro 80,2 pontos, um incremento de 3% em relação a outubro. É o maior nível alcançado desde os 81,8 pontos de agosto de 2015. Os dados foram divulgados pela CNC. O indicador pode variar de 0 a 200. Apesar da alta em relação a outubro, o índice continua abaixo dos 100 pontos, o que indica a lenta recuperação do otimismo das famílias e percepção de insatisfação com a situação atual.

Diante dos sinais de maior confiança, a CNC revisou sua projeção para o volume de vendas do varejo ampliado em 2017. Antes, a estimativa apontava para uma alta de 2,8%. Agora, esperam uma elevação de 3,7%.

Agricultura

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção total de grãos está estimada em 226,5 milhões de toneladas para a safra 2017/2018, redução de 4,7% em relação à safra anterior.

A área plantada está prevista em 61,5 milhões de hectares, ou seja, crescimento de 0,9% se comparada com a safra 2016/17.

A produção de algodão deverá ser superior em 10,2% em relação à safra anterior; para o amendoim a produção está estimada em 457,9 mil toneladas, redução de 1,8% em relação à safra 2016/17; em relação ao arroz a produção deverá ser menor que a safra passada em 5,8%, ficando em 11,6 milhões de toneladas; o feijão primeira safra deverá ter redução de 11,2% na área em relação à safra passada, refletindo numa produção de 1,21 milhão de toneladas, sendo 764,1 mil toneladas de feijão comum cores, 315,8 mil toneladas de feijão-comum preto e 128,5 mil toneladas de feijão-caupi; e para a soja o crescimento previsto na área é de 3,1% e a produção deverá ser de 109,2 milhões. O clima está favorecendo o desenvolvimento da cultura.

Mercado de Trabalho

Os dados da PNAD Contínua de outubro divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram para a continuidade do processo de recuperação do mercado de trabalho. Com isso, a taxa de desemprego ficou em 12,2% nos três meses encerrados em outubro. Esse resultado representa uma estabilidade da taxa em relação à leitura anterior quando considerado o ajuste sazonal. Na comparação interanual, contudo, houve elevação de 0,4 p.p. da taxa. A população ocupada continuou mostrando recuperação, ao subir 1,8% na comparação interanual, após alta de 1,6% em setembro. Já os rendimentos nominais registraram crescimento interanual de 5,0% em outubro, mesma variação verificada na leitura anterior. Esses resultados contribuem para a expectativa de recuperação do consumo ao longo dos próximos meses.

Sistema Financeiro

A caderneta de poupança teve o maior ganho real desde 2006 no acumulado dos 11 primeiros meses de 2017, segundo levantamento feito pela provedora de análises financeiras Economatica. A aplicação rendeu 6,41% de janeiro a novembro, enquanto a inflação oficial medida pelo IPCA registrou uma variação positiva de 2,5% neste mesmo período. Foi a menor inflação no acumulado do ano desde 1998 e metade da taxa registrada no mesmo período de 2016.

Uma batalha jurídica que se arrasta há 24 anos finalmente se aproxima de um desfecho. Instituições financeiras e poupadores chegaram a um acordo sobre a indenização que será paga aos clientes pelas perdas acarretadas pelos planos econômicos nas décadas de 1980 e 1990. Apurou-se que o valor das indenizações poderá chegar a R$ 10 bilhões para mais de 1 milhão de ações judiciais.

Inflação

O Comitê de Política Monetária do banco Central (Copom) decidiu reduzir a taxa de juros de 7,5% para 7,0% ao ano, conforme as expectativas do mercado. Para tanto, o Copom levou em conta o comportamento da inflação, que permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis baixos. As projeções de inflação do Banco Central caíram em comparação com as da última reunião tanto para este ano como para o próximo, passando de 3,3% para 2,9% em 2017 e de 4,3% para 4,2% em 2018.

O IGP-DI subiu 0,80 em novembro. De acordo com os dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A aceleração em relação a outubro, quando o índice avançou 0,10%, foi explicada majoritariamente pelos preços de produtos industriais no atacado, que passaram de uma queda de 0,16% para uma alta de 1,14%. Esse movimento refletiu principalmente a menor deflação do minério de ferro.

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou taxa de variação de 0,73%, na apuração referente ao primeiro decêndio de dezembro. No mesmo período de apuração do mês anterior, este índice registrou taxa de -0,02. A apuração referente ao primeiro decêndio do IGP-M de dezembro compreendeu o intervalo entre os dias 21 e 30 do mês de novembro.

Setor Público

O resultado primário do setor público ficou positivo em R$ 4,8 bilhões em outubro, conforme divulgado pelo Banco Central. Os superávits de R$5 bilhões das contas do governo central e de R$ 352 milhões dos governos regionais foram atenuados pelo déficit de R$ 562 milhões das empresas estatais. Com isso, o setor público acumulou déficit de R$ 187,2 bilhões nos últimos 12 meses, o que representa 2,88% do PIB. A dívida bruta do governo geral, por sua vez, atingiu 74,4% do PIB, ante a 73,9% no mês passado. Com as receitas de concessões que já estão programadas para serem registradas no restante deste ano, o Governo deve cumprir a meta de R$ 159 bilhões para 2017. Com o cumprimento do teto dos gastos nos próximos anos, a trajetória deve começar a melhorar a partir de 2021.

Setor Externo

O saldo da balança comercial encerrou novembro com superávit de US$ 3,5 bilhões, de acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviço. No mês, as exportações somaram US$16,7 bilhões, superando as importações, que alcançaram US$ 13,1 bilhões. No acumulado dos onze primeiros meses a balança ateve um superávit de US$ 62 bilhões. Trata-se do melhor resultado para este período desde o início da série histórica, em 1989, ou seja, em 29 anos.

De janeiro a novembro do ano passado, a balança também registrou um superávit, porém menor: US$ 43,27 bilhões.

O saldo comercial do acumulado de 2017 supera, ainda, o resultado positivo de todo ano passado (US$47,7 bilhões), que era o maior da série histórica.

A China contribuiu com um crescimento de 34,99%, seguida da Argentina 31,66% e dos Unidos 17,28% para o aumento das exportações entre jan-nov 2017/2016. Com esses resultados, a participação da China nas exportações é de 22,05%; Estados Unidos 12,24% e Argentina 8,02%.