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Herman Benjamin, Gilmar Mendes, Delfim Netto e Herbert Levy

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Os jornalistas mais velhos vão lembrar do depoimento que o então ministro Delfim Netto deu nos anos 1970, convocado pelo deputado Herbert Levy em comissão. O objetivo era que Delfim fizessem uma exposição sobre a política do café que o deputado criticava mas que, naquele momento, era responsável por 60% da exportação brasileira.

Delfim, com tranquilidade, começou a ler um livro sobre política de café, que se assemelhava com o que estava sendo feito no Brasil.

O deputado Herbert Levy começou a criticar Delfim, atacando cada passagem lida pelo ministro. Ao que Delfim respondeu:

"Lamento. Me espanta que o senhor esteja refutando o que o senhor mesmo escreveu. Este livro é de sua autoria."

O deputado Herbert Levy teve de seu acudido com uma máscara de oxigênio.

Nesta semana, o posicionamento do relator do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, Herman Benjamim, lembrou este episódio. Ele fez citações ao voto de 2015 do ministro Gilmar Mendes, responsável por levar ao plenário um recurso do PSDB para que as ações pela cassação da chapa voltassem a ser analisadas. Na ocasião, Gilmar destacou a necessidade de se chegar à “verdade dos fatos”.

“É grande a responsabilidade desse tribunal, pois não podemos permitir que o país se transforme em um sindicato de ladrões”, disse Gilmar Mendes em seu voto pelo prosseguimento da ação, em agosto de 2015.

“Há dados fortes [de irregularidades] e vamos ignorar isso na ação?“, questionava Gilmar, em 2015. A frase foi repetida por Herman Benjamin, que seguiu na leitura de vários trechos do ministro.

Em vários momentos, Gilmar Mendes interrompeu a fala de Herman. Em uma das interrupções, quase sempre com o intuito de contrapor a argumentação do relator, Herman Benjamin lembrou a Gilmar que lia naquele momento o voto de 2015 do próprio Gilmar Mendes. "Vossa excelência tem que pedir desculpas a si mesmo", disse.