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Dalai Lama diz que pode ser 'fonte de problemas'

Líder espiritual justificou recusa do Vaticano para encontro com Papa Francisco

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O líder espiritual tibetano Dalai Lama disse neste domingo (14) que é "fonte de problemas" para algumas pessoas, ao justificar a recusa do Vaticano para um encontro com o papa Francisco. "Eu encontro muitas pessoas, sou positivo e jovial, mas, para alguns, posso ser fonte de problemas. É compreensível, já aconteceu várias vezes", afirmou Dalai Lama, que está em Roma para participar da 14ª Cúpula de Prêmios Nobel da Paz, encerrada hoje. 

Há três dias, o líder espiritual informou que o Vaticano negou um encontro entre ele e o Pontífice, pois a reunião poderia prejudicar as já abaladas relações diplomáticas com a China.    

Apesar da negativa, a Santa Sé ressaltou que Francisco mantém "estima" pelo budista. China e Vaticano divergem sobre o controle da Igreja Católica no país, sendo que, frequentemente, o Partido Comunista Chinês nomeia bispos sem autorização do Papa. Além disso, a China é contrária às atividades do Dalai Lama, considerando-o um "separatista". 

O líder espiritual vive no exílio. A última vez que um líder católico recebeu o Dalai Lama em uma audiência oficial foi em 2006, com o papa Bento XVI. 

Hong Kong 

Em Roma, o líder espiritual também comentou sobre os protestos em Hong Kong, que exigem mais autonomia política para a região, cujas eleições são controladas pela China. "Os estudantes de Hong Kong querem, verdadeiramente, uma sociedade aberta e plenamente democrática. Este é um objetivo totalmente tangível", disse o líder budista, que recebeu o Nobel da Paz em 1989.    

Nesta semana, após mais de dois meses de protestos e ocupações, as autoridades de Hong Kong conseguiram remover das ruas os estudantes que pedem eleições livres. Dalai Lama encerrou hoje a 14ª Cúpula de Prêmios Nobel da Paz com um discurso em prol da "compreensão" e da "responsabilidade moral" que cada ser humano tem de "construir um mundo feliz". 

"Usem suas profissões para contribuírem à paz e ao futuro da humanidade", disse o líder espiritual. "É preciso desenvolver um senso de responsabilidade universal, diariamente e 24 horas por dia, sem muitas expectativas", recomendou.