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Internacional

Argentina: com campanhas antagônicas, Scioli e Macri buscam indecisos

Às vésperas do pleito na Argentina, que acontece no próximo domingo, dia 22, o governista Daniel Scioli e o opositor Mauricio Macri tentam conquistar os votos dos indecisos para suceder Cristina Kirchner na Presidência da Argentina com estratégias completamente opostas.   

Macri, conservador que está à frente nas pesquisas, fala em "revolução da alegria", chamando a campanha do rival de "negativa e mentirosa". Scioli, por sua vez, tenta se desvencilhar de Cristina, uma figura controversa na política argentina, e tem colocado em marcha o que alguns especialistas chamaram de "campanha do medo", dizendo que mudanças trazidas por Macri irão alterar o país para pior.   

Ele chegou a comparar a ideologia neoliberal do opositor com os regimes adotados na última ditadura (1976-1981) e mais tarde pelo governo de Carlos Menem (1989-1999), dizendo que o rival "venderá" a Argentina aos Estados Unidos.    

O cineasta brasileiro Caio Cesar Pinto, que reside em Buenos Aires, explicou que "a campanha de Scioli acusa ferozmente que Macri levará o país à mesma situação de 14 anos atrás", quando houve uma severa crise econômica que deixou a nação às portas da moratória.    

"Para mim, aí se encontra a falha da Frente Para a Vitória [FPV, o nome da campanha de Scioli]. Eles priorizaram o ataque à gestão de Macri na cidade de Buenos Aires e insistem em especular sobre esse futuro neoliberal, ao invés de ressaltar os pontos positivos do governo de Scioli e principalmente de Cristina", aponta.    

Para ele, esse é o motivo de Macri estar cerca de oito pontos à frente nas sondagens de intenção de voto. "Cristina e Scioli raramente fazem campanha juntos. Nos discursos que faz, ela evita o nome do sucessor e prefere generalizações do tipo 'sigamos no caminho certo!'. Cristina é muita amada e odiada aqui, já o Néstor [Kirchner, seu ex-marido e ex-presidente, morto em 2010,] é adorado. Desvincular a imagem da presidente do sucessor é o grande erro da FPV", conclui.    

O coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI) da Unesp, o argentino Luis Fernando Ayerbe, lembra que o candidato governista esteve próximo da presidente no primeiro turno, mas diante da boa representação de Macri na urnas, se viu obrigado a repensar sua campanha, e foi feita a avaliação de que era melhor se descolar do governo para captar os votos do centro.    

"Não se acreditava que Macri fosse chegar aonde chegou [no segundo turno das eleições], e Scioli teve pouco tempo para se recuperar", explicou Ayerbe.  O acadêmico ainda destacou que a própria campanha de Macri mudou ao longo dos últimos meses, com o intuito de conquistar os votos de centro e de governistas dissidentes. Tido como líder da oposição neoliberal, agora ele chega até a defender algumas posturas de Cristina e disse que vai escolher um ministro de Economia desenvolvimentista.    

"Cristina tem boa imagem, mas não conseguiu transferir isso para seu candidato. Acontece o mesmo em outros países da América Latina [onde figuras como Lula e Hugo Chávez não conseguiram sucessores tão carismáticos como eles]. Existe um certo desgaste, natural para governos de três mandatos", conclui.    

A terceira força na corrida eleitoral, o peronista dissidente Sergio Massa, relutou em lançar seu apoio a Macri, mas, nos últimos dias, disse que não votaria em Scioli ou em branco e pediu que seus eleitores fizessem o mesmo. Ele defende a saída do kirchnerismo do poder.    

Esse apoio pode ser decisivo nas urnas e, aliado às decisões tomadas na campanha eleitoral, pode definir o resultado da votação. 

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