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Em reunião prolongada, Macron e Putin discutem sobre Síria

Presidentes ficaram mais de duas horas reunidos em Paris

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O primeiro encontro entre o presidente da França, Emmanuel Macron, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, durou mais do que o esperado nesta segunda-feira (29) e ultrapassou as duas horas de conversa. Entre os principais temas debatidos, estavam o conflito sírio e as denúncias de violência contra homossexuais na Chechência.

Ao fim da reunião bilateral, os líderes fizeram uma coletiva de imprensa e o anfitrião do Palácio do Eliseu afirmou que "sem um diálogo cm a Rússia não se pode atuar nos assuntos mais importantes" do mundo.

A maior parte do discurso de Macron foi centrada nas soluções para a guerra na Síria, que já dura mais de seis anos, e que mantém os dois líderes em situações opostas no conflito.

"Qualquer uso de armas químicas será objeto de represália e resposta imediata por parte dos franceses", disse Macron ao lembrar dos ataques atribuídos ao presidente sírio, Bashar al-Assad. Putin é um dos principais apoiadores do governo de Damasco, em uma posição oposta a da França.

No entanto, Macron afirmou que é preciso "organizar uma transição democrática" no país, para "assegurar a estabilidade".

Os franceses, assim como os aliados ocidentais, defendem a retirada de Assad do poder para que a guerra possa chegar ao fim.

A ideia de Macron é fortalecer ainda mais a parceria bilateral com os russos, mesmo que seja fora da coalizão internacional para encontrar o mais rápido possível "uma solução política pacífica".

Por sua vez, Putin rebateu a afirmativa de seu homólogo, dizendo que para chegar à paz na Síria "não se pode combater o terrorismo desestabilizando as instituições no país".

"Devemos unir os nossos esforços contra o terrorismo", acrescentou o russo.

Em outro momento de seu discurso, o francês afirmou que pediu informações sobre as denúncias de tortura contra pessoas homossexuais na Chechênia e cobrou o "respeito a todas as minorias" na Rússia, incluindo as ONGs que atuam na nação - comumente afastadas ou impedidas de trabalhar no território russo.

De acordo com o mandatário francês, "Putin prometeu a verdade sobre as atividades das autoridades locais", informando que já determinou uma "verificação constante" do caso.

Questionado se Macron tinha falado algo sobre uma ingerência russa nas eleições francesas, o líder do Kremlin destacou que "não foi uma questão que nós debatemos". "O presidente francês não manifestou nenhum interesse sobre essa questão e eu muito menos", disse Putin. Macron, que chegou a acusar os russos de tentarem favorecer Marine Le Pen, sua rival, disse que o caso já havia sido resolvido com um telefonema logo após sua eleição. "Quando eu já falei algo, não tenho o hábito de voltar ao que falei", acrescentou.

Apesar da conversa ter sido considerada "dura" por especialistas franceses, o clima do encontro foi considerado "muito bom". Até mesmo para demonstrar confiança nas conversas, Putin convidou Macron para uma visita a Moscou.

Após a reunião bilateral, os dois líderes farão um breve passeio nos jardins do Palácio de Versalhes, em uma atividade fora da agenda oficial, e se dirigirão à mostra sobre Pedro, o Grande.

Há exatos 300 anos, em 1717, o czar Pedro I da Rússia iniciou oficialmente as relações diplomáticas entre os dois países.