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Reforma na Itália pode mudar regras de voto no exterior

O país possui parlamentares eleitos fora de suas fronteiras

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O projeto de reforma eleitoral que está sendo debatido pelo Parlamento italiano pode mudar as regras da votação nas circunscrições no exterior, inclusive na América Meridional, onde fica o Brasil.

    Segundo o texto que está sendo analisado pela Câmara dos Deputados, um candidato com dupla cidadania só poderá disputar as eleições se não tiver ocupado nenhum cargo político, judiciário ou militar em seu país de origem nos cinco anos anteriores à votação.

    Inicialmente, o prazo que havia sido definido era de 10 anos, mas uma emenda acabou reduzindo essa cifra pela metade. Outra alteração da reforma eleitoral, essa mais polêmica, prevê que cidadãos residentes na Itália possam se candidatar em uma circunscrição no exterior, algo que não é permitido atualmente.

    Por outro lado, italianos que moram em outros países não poderão postular a um assento na Câmara ou no Senado por uma circunscrição na península. "Trata-se de uma mudança histórica: prever a possibilidade de colocar nas circunscrições no exterior candidatos residentes na Itália significa contradizer radicalmente a lógica e o significado da lei sobre o voto no exterior", criticou o senador Claudio Micheloni, de centro-esquerda.

    A Itália é um dos poucos países do mundo que possuem deputados e senadores eleitos fora de suas fronteiras, uma maneira de garantir a representatividade dos milhões de italianos que vivem no exterior. "A quem pode interessar uma circunscrição no exterior na qual possam se candidatar aqueles políticos da Itália que não encontraram outro lugar para concorrer?", questionou Micheloni.

    Partidos da oposição alegam que a emenda foi criada para permitir a candidatura do senador Denis Verdini, condenado em março a nove anos de prisão e interdição perpétua de cargos públicos pela quebra de um banco.

    "É curioso que eu tenha conhecido sua intenção de se candidatar justamente em minha circunscrição. Seguramente, Verdini não agradará no Brasil", declarou a deputada ítalo-brasileira Renata Bueno, eleita na América do Sul, em entrevista à "Rai Radio1".

    Ela faz parte da base aliada do governo.

    A reforma eleitoral está em debate na Câmara dos Deputados e depois seguirá para o Senado. O objetivo do governo é aprová-la até novembro, permitindo a realização de eleições no início de 2018.