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Crescente desconfiança ameaça Facebook por escândalo sobre privacidade

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O movimento que propõe o abandono da rede social Facebook, envolvida em um escândalo pelo uso de dados pessoais de usuários, ganhava força nesta quarta-feira (21) em um ambiente de perda de confiança generalizada.

"Chegou a hora. #DeleteFacebook", publicou no Twitter o empresário Brian Acton, cofundador do sistema de mensagens WhatsApp (adquirido pelo Facebook em 2014) e considerado uma das personalidades mais influentes no mundo digital. 

Acton, que hoje trabalha no sistema de mensagens concorrente Signal, é a voz mais influente contra o Facebook em consequência do escândalo das atividades de uma empresa britânica de análise de dados ligada à campanha presidencial de Donald Trump.

O Facebook enfrenta investigações dos dois lados do Atlântico devido ao seu modelo de negócios, que permitiu à empresa Cambridge Analytica reunir informações sobre milhões de usuários.

Ainda não se sabe qual será o impacto real da campanha #DeleteFacebook, mas a hashtag se tornou um tópico popular em várias redes sociais, incluindo o Facebook.

Donella Cohen, influente gerente de produtos do Weather Channel, anunciou em sua própria página do Facebook que sua conta seria eliminada.

"As últimas revelações mostram como esta plataforma é corrupta e prejudicial para a sociedade. Espero que surja uma nova rede social. Uma que não seja tão ambiciosa ao ponto de corromper a política em nome do todo-poderoso dólar", apontou.

No entanto, analistas apontam que o Facebook dificilmente se evaporará rapidamente porque faz parte do tecido que forma a internet, com laços com inúmeros sites, anúncios de publicidade e mensagens.

Para Jennifer Grygiel, professora de comunicação na Universidade de Syracusa, o movimento "é uma resposta do público das redes sociais. Já vimos a mesma coisa com o movimento #DeleteUber".

Em sua opinião, "algumas pessoas vão sair do Facebook. Mas sair totalmente do Facebook requer apagar o Facebook, Instagram, WhatsApp e Messenger", todos programas de propriedade do Facebook.

"Para a maioria das pessoas, isso não é realista pela forma como as redes sociais se integraram na vida cotidiana".

Sandra Proske, chefe de comunicações da empresa de segurança F-Secure, se somou a muitos especialistas que sugerem como os usuários do Facebook podem melhorar sua privacidade ao limitar a informação compartilhada e quais programas podem ter acesso a esses dados.

O próprio Facebook admite que muitas informações (como mensagens nos murais de amigos) podem permanecer ativas mesmo depois que a conta responsável por elas tenha sido eliminada.

O empresário Roger McNamee, que no passado realizou pesados investimentos no Facebook, admitiu que a rede social estava perdendo a confiança de seus usuários.

"O problema central é ignorar os direitos de privacidade dos usuários e a total falta de cuidado com a informação que foi colocada nas mãos do Facebook", disse McNamee à rádio pública americana NPR.

"Não tenho certeza de que é isso que está acontecendo, mas temo que seja um problema sistêmico com os programas e o modelo de negócios do Facebook que permite a maus agentes causarem dano a usuários do Facebook", disse.