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Fecho de ouro

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MOSCOU - a Fermeture d’or”, dirá o croata sensato ao falar, em francês, sobre o bicampeonato do time “bleu-blanc-rouge”. A categórica vitória de Griezmann e companhia por 4 a 2 não permite duvidar da superioridade gaulesa até quando foi preciso sofrer diante do ímpeto do time da Croácia. Porque o time montado por Didier Deschamps tem quem faça gols com maestria e quem os evite com igual competência.

A França entra, definitivamente, no rol das grandes escolas do futebol mundial. Depois de bater na trave com as gerações de Fontaine e Kopa, de Platini, Giresse e Tigana, eis que a de Zinedine Zidane encontra seus herdeiros em Griezmann, Pogba e Mbappé, este último como principal candidato a ser o substituto de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.

Os franceses confirmaram o favoritismo diante do resiliente time da Croácia, bravo até o fim. 

O fecho de ouro teve Moscou como palco para acabar com qualquer dúvida sobre a qualidade do futebol francês.

Quem achasse a conquista de 1998 fruto de uma Copa do Mundo disputada em casa e a pusesse em dúvida depois que Portugal ganhou a Eurocopa em Paris, não há mais do que duvidar. 

A multirracial seleção tricolor cala de vez a estupidez xenófoba dos Le Pen e encanta o mundo com uma campanha invicta e na qual superou dois bicampeões mundiais, o Uruguai e a Argentina, esta última por 4 a 3 naquele que, para muitos, foi o melhor jogo da Copa. Se a influência do sangue negro é uma ótima notícia para o mundo, para o futebol brasileiro é mais um sinal de que o reinado acabou. Porque, além de mais rico e bem organizado, a verve do drible, do improviso e da cintura bailarina, se firmam no futebol europeu. É claro que a miscigenação é importante, embora não seja tudo. Condição necessária, mas insuficiente. 

O trabalho na base, seja dos clubes, das federações nacionais e, também, do Estado, é fundamental para formar, revelar e manter talentos até que amadureçam, algo impensável para os predadores nacionais. Por ironia, ainda por cima, do trio atacante do PSG, Mbappé e Cavani saem da Rússia como protagonistas, enquanto Neymar virou piada globalizada.

De Lloris a Hernández, de Kanté a Pavard, passando por Matuidi, Varane e Umtiti, a França invade a área da Alemanha e toma o lugar da Itália no futebol europeu, como aviso ao freguês Brasil.