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Por um mundo em que possamos ver crianças com brilhos nos olhos como algo cotidiano…

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Nas últimas duas semanas, por meio do Coletivo João de Barro, resolvi promover uma festa de dia das crianças na comunidade Marcílio Dias (Kelson's), aonde vivo. Movido pela necessidade de promover ações que pudessem levar um pouco de conforto, alegria e brilho nos olhos a crianças, saímos em busca de realizar esse sonho.

Lançamos uma campanha na página do coletivo, reproduzimos a campanha em outras redes sociais,  ao mesmo tempo que construímos uma articulação com moradores e pequenos empreendedores na comunidade, porque entendíamos que esse sonho precisava ser feito junto com quem vive o cotidiano na comunidade. Como sonho que se sonha junto, se torna realidade, vencemos!

Quando um sonho é compartilhado, é sentido em conjunto, dá certo! Prova disso foi a quantidade de pessoas, que mesmo em momento de crise e não podendo contribuir financeiramente, contribuíram de outras formas e se colocaram a disposição de contribuir em outro momento, mas articulando novas possibilidades de doadores.

No último dia 11, véspera da ação que planejamentos, estávamos na Central do Brasil, para nos deslocarmos para casa, com os brinquedos que compramos, nos deparamos com um casal negro, duas crianças, o primeiro aparentando 4 anos, a segunda com um pouco mais de 1 ano. O menino não parava de olhar a sacola, até porque era uma sacola colorida. Decidimos dar um brinquedo a ele  e a ela. Brinquedo, comprado em uma loja por atacado, que custou R$ 3,39, mas que ao retirado da sacola, foi agarrado e beijado de forma apaixonada. Esse foi o sinal de que o dia seguinte seria único e que seríamos imensamente recompensados.

 Manhã do dia, ansiedade a flor da pele, e muita vontade de entregar o presente das crianças, mas precisávamos contemplar as ações programadas: Torneio de futebol, pintura corporal, distribuição de cachorro quente, algodão-doce, maçã do amor, pipoca, bolo e refrigerante. A medida em que cada criança foi chegando a praça, bateu um pouco de desespero, medo de não conseguir contemplar todas com os brinquedos arrecadados. Mas, sob o manto de Nossa Senhora Aparecida, conseguimos não só contemplar todas as crianças presentes, não só com 1 presente, mas com 2 ou mais. Em poucos minutos, olhávamos ao redor e as s já haviam aberto seus presentes e brincavam na praça com muita euforia. Me aproximei de um grupo, em tempo de ver um menino, aparentemente de 9 anos, abraçados a dois presentes, explanar ao amigo: “pô, me dei bem. Não ganhei nada no natal,  mas hoje ganhei dois presentes...”.

Encerramos o dia como seres humanos, sobretudo como pessoas afetadas por um olhar cheio de brilho, um sorriso largo e uma felicidade irradiada. Encerramos o dia, sabendo que precisamos fazer mais, bem mais, muito mais. É pelas nossas crianças, é pelo nosso futuro, é pela nossa obrigação de investir em novos modelos de amor e cuidado.                                                                                                                                                                        Quer conferir os brilhos nos olhos das crianças? www.facebook.com/coletivocariocajoaodebarro

* Walmyr Junior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atuou como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ