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SÃO PAULO - Azuis heroicos, saudou a manchete do francês Le Figaro. Azuis defensivamente magníficos, especificou o Le Monde. Mas as cores que ambos e outros ressaltavam nas fotos eram outras. Ao longo da partida, o Figaro fixou uma imagem do zagueiro francês Umtiti, nascido em Camarões e que fez o gol, marcando o atacante belga Lukaku, filho de congoleses.

Como destacou o Monde, entre inúmeros outros, antes e depois do jogo, a seleção é um “objeto político” na França. Mas não pela presença no estádio do presidente Emmanuel Macron –que dividiu a atenção da transmissão e da cobertura com celebridades como Mick Jagger e Pamela Anderson, no momento namorada do zagueiro francês Adil Rami.

Os azuis são “a caixa de ressonância do questionamento da identidade francesa”.

“Eles sempre refletiram a história da imigração”, desde Kopa nos anos 1950, filho de poloneses, depois Platini nos 1980, filho de italianos, e Zidane campeão em 1998, filho de argelinos. Um dos acadêmicos ouvidos diz que desde aquela Copa, há 20 anos, vencer é prova de “integração bem-sucedida” e perder mostra que “falta sentido de comunidade” ao país.

O Washington Post, entre outros, alerta contra os exageros festivos que tratam a França como “o último time africano”. Sua editora de opinião, filha de ganense e nigeriano, questiona se “deveríamos torcer então” para Colômbia ou Brasil, que tinham jogadores negros. Afirma que prefere torcer para que as seleções africanas voltem a chegar ao mata-mata.

E lembra que a França acaba de tirar a expressão “raça” de sua Constituição, acrescentando, por fim: “Mas eu entendo. Existe uma alegria em saber que os racistas e os políticos anti-imigrantes na França têm de lidar com o fato de que as suas esperanças com Les Bleus recaem sobre os ombros dos negros africanos”.

‘Chupa, extrema direita!’ - A Inglaterra parece não querer ficar atrás e enfatiza, por sites engajados como Canary e o próprio Guardian, que sua seleção tem 47,8% de filhos de imigrantes, “incluindo Kane, cujo pai é irlandês”. Na francesa, 78%. O Museu da Migração de Londres chegou a mostrar como seria a Inglaterra titular sem seus filhos de imigrantes, restando só cinco jogadores. “Chupa, extrema direita!”, publicou o Canary.

Vitória chinesa - Para o South China Morning Post, de Jack Ma, dono do Alibaba, e até para o financeiro japonês Nikkei, hoje dono do Financial Times, a Copa já tem um “vencedor”: os anunciantes chineses, não só nas placas mas nos intervalos com garotos-propaganda como Messi, vendendo laticínios Mengniu. O conglomerado Wanda é um dos três patrocinadores oficiais –ao lado de Visa e Coca-Cola. E eles, inclusive o Alibaba, já estão se preparando para as próximas Copas e Olimpíadas.