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Massacres nos presídios: por que o país foge da discussão sobre as causas?

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Todos os órgãos de comunicação têm dedicado mais de 70% do tempo dos seus noticiários aos motins e rebeliões nos presídios. O país se acostumou a discutir as consequências, mas foge da discussão sobre as causas. 

Presidentes, ministros, governadores, grandes editorialistas de grandes jornais, colunistas formadores de opinião dos meios de comunicação nos jornais, sites e TVs, falam do mesmo conceito: as consequências

Em mais de 50% dos presídios a comida é ruim, há excesso de calor, os carcereiros espancam os presos, os celulares funcionam sem controle, armas entram livremente e criminosos camuflados de advogados agem sem restrição. A única coisa que não se discute é a causa disso tudo. 

A causa que não se expõe é a mesma que até pouco tempo fazia aparecer nos noticiários suspeitas sobre presidentes, sobre os ministros, sobre banqueiros que corrompem o imposto de renda, sobre empreiteiros que corrompem a todos e sobre os governantes que roubam e não fazem nada. 

Todos os mencionados são homens, no sentido amplo da palavra, envolvidos nesse noticiário sujo de corrupção. Nenhum tem nível primário. São todos formados, quase todos com grau universitário e pós-graduação no exterior. Sabemos que há aqueles que dizem que alguns não têm nível primário. Não nos preocupamos em apontar essas pessoas. Queremos sim a análise sociológica daquilo que o país vive. 

Como um delinquente, um criminoso por razões de todo o tipo de sorte - sequestro, morte, latrocínio, assassinato, roubo... - que na sua maioria, 90%, não têm sequer o ensino básico, veem nos meios de comunicação as notícias sobre corrupção na alta cúpula do poder?

"Por que não vou roubar a elite se a autoridade rouba?", "Por que não vou matar?", "Por que me preocupar em ser preso se a sociedade não me aceita, e lá dentro tenho tratamento, por pior que possa ser, melhor do que aqui fora?"

Qual a diferença entre um criminoso comum, delinquente, morador de rua ou de comunidade, e os que moram nos palácios, educados nos palácios? Os que moram em palácios tiveram instrução, todo o tipo de ajuda da vida e, quando presos, ainda são distinguidos com cela especial. Comem melhor, às vezes até com suas famílias. Aqueles que a sociedade destruiu continuam sendo destruídos no cárcere, para que possam viver menos e não venham a importuna-los nas suas delinquências de colarinho branco.