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Odebrecht: nos EUA, multa de US$ 2,6 bilhões; aqui, risos e entrevistas... 

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Se a justiça dos Estados Unidos multou a Odebrecht em US$ 2,6 bilhões por subornos na ordem de US$ 788 milhões para obtenção de contratos, quanto essa empresa - que deveria ser chamada na verdade de "quadrilha" - deveria pagar de multa no Brasil?

O valor dos subornos não representa sequer um beliscão na economia dos EUA. A multa, na verdade, se dá mais por razões morais e de identificação da corrupção promiscuindo pequenos negócios.

Mas no Brasil, a proporção do prejuízo não se mede apenas pelas cifras astronômicas da corrupção que, até o momento, vieram à tona. Se mede sobretudo pelo impacto avassalador na economia do país e na vida do povo. O PIB brasileiro despencou para números negativos. Só de empregados a empresa demitiu mais de 60 mil. Se levarmos em consideração que cada um tem pelo menos dois dependentes, são 120 mil que estão ao relento. Isso sem falar na desmoralização que promoveram no cenário político. Como corruptores, eles são muito mais criminosos porque o corruptor é o lado mais forte, do poder econômico. 

Como se não bastasse, a "quadrilha" contribuiu também para o desemprego de nada menos de 23 milhões de brasileiros, vítimas da severa crise econômica causada pelos roubos. E ainda quebraram a maior petroleira do mundo em investimentos. Para se ter uma ideia, o gigantesco esquema de corrupção fez com que, em 2013, a Petrobras ficasse atrás em valor de mercado até da pequena petroleira colombiana Ecopetrol (US$ 129,5 bilhões contra US$ 126,8 bilhões), mesmo a brasileira tendo uma produção três vezes maior do que a colombiana. 

Por tudo isso, esses senhores não podem receber no Brasil uma multa inferior à aplicada pelos EUA. Se aqui o prejuízo foi pelo menos 50 vezes maior do que lá, no mínimo a multa deveria ser de US$ 100 bilhões. 

Apenas por ter atrapalhado negócios entre as empresas de petróleo Pennzoil e Getty Oil, em 1987, a Texaco foi punida pela justiça dos EUA com uma multa de US$ 10 bilhões, e teve de pedir concordata.

Aqui, não acontece nada. Os executivos dão entrevista e seus advogados riem, não se sabe de quem, se dos seus clientes ou do povo brasileiro. Ou melhor: com certeza, riem do povo brasileiro.

Seria bom que nas fotos eles pudessem ser bem identificados para que, quando estivessem em ambientes públicos no Brasil, encarassem o olhar indignado do povo.