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Loures e Mabel: muito a explicar

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Ao devolver os R$ 35 mil que deveriam estar numa mala de R$ 500 mil indicada pela investigação como propina, o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) apenas comprovou que havia de fato subtraído este valor do total.

A devolução foi feita através de depósito bancário na Caixa Econômica Federal, na quarta-feira (24), como mostra o comprovante que foi entregue à Polícia Federal nesta quinta-feira (25).

A mala havia sido devolvida à PF na segunda-feira (22), já sem os R$ 35 mil. Por que Loures ficou dois dias com este dinheiro? O que esperava que ia acontecer? Será que estes R$ 35 mil depositados são os mesmos que deveriam estar na mala? Aguarda-se esta resposta por parte da PF, já que as cédulas estavam marcadas.

Outro episódio mal explicado nesta sequência de escândalos que envolve o presidente Michel Temer é o afastamento do ex-deputado do PMDB Sandro Mabel, que era assessor do Palácio do Planalto.

Mabel anunciou sua demissão na quarta-feira (24), quando a situação de Temer atingia níveis críticos. Vale lembrar que Mabel recebeu R$ 140 mil via caixa dois da Odebrecht para sua campanha em 2010, segundo delação do ex-executivo da empresa Benedicto Barbosa da Silva Júnior. Já os delatores João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz afirmaram que os repasses ao político, não declarados à Justiça Eleitoral, chegaram a R$ 100 mil.

O nome de Sandro Mabel também foi citado na delação do ex-executivo da Odebrecht Henrique Valadares, que afirmou que a empreiteira concordou em pagar até R$ 20 milhões para manter dois funcionários de Furnas em cargos de diretoria. Esses valores seriam repassados pelos servidores aos políticos que eram seus “padrinhos” em Brasília. 

O delator disse que o diretor de engenharia da estatal, Mário Márcio Hogar, recebia valores indevidos e visitava Brasília para prestar contas a Mabel e ao ex-deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP).

Citado em delações, Mabel jamais deveria ter ficado todo este tempo próximo a Michel Temer para não comprometer o Planalto. E pior: saindo agora, mostra apenas senso de oportunismo diante da crise.