Jornalistas de todas as tendências - centro, esquerda, direita, conservadores ou não - produziram nesses últimos dias farto noticiário com comentários ácidos e ferozes contra a recente decisão de segmento do poder judiciário.
As críticas feitas pelo próprio segmento do poder judiciário contra outro poder permitem que o povo brasileiro se sinta absolutamente desprotegido, pela forma como ele lê os desencontros na justiça com a lei. A ponto de ministros de altas cortes declararem que a cassação do presidente Michel Temer poderia desaguar numa crise gravíssima por razões econômicas:
"Cassação lançaria o país em quadro de incógnita", afirma Gilmar Mendes em entrevista à Folha de S. Paulo, nesta segunda-feira (12).
O que é mais importante: a tranquilidade econômica de um país podendo gerar inclusive a convulsão ou o desrespeito às leis, que permite que o senador afastado Aécio Neves (PSDB) se comporte como se comportou outro senador recentemente?
Ora, se vale tudo para o poder, o povo acha que só não vale tudo para ele.
Imaginemos o que pode acontecer quando o povo se conscientizar do que diz a Constituição em seu primeiro artigo:
"Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição."
Quando o povo sentir que o desrespeito é contra ele, o que pode acontecer com as instituições se, como reza a Constituição, o poder emana do povo?