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Lava Jato: Moro diz que prisões são exceção e fundamentadas

Juiz participou de um seminário sobre jornalismo investigativo em São Paulo

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O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da operação Lava Jato, afirmou nesta sexta-feira, em um congresso sobre jornalismo investigativo, em São Paulo, que as prisões são decretadas como exceção, sempre fundamentadas no que diz a legislação brasileira. "O aspecto principal é que só se condena criminalmente alguém quando se tem certeza da responsabilidade criminal. Outra questão diz respeito à prisão no decorrer do processo. Essas prisões são decretadas como exceção, sempre fundamentadas no que diz a legislação brasileira. Pode-se até criticar e eventualmente discordar. Existe a possibilidade de recursos. A minha perspectiva dessas prisões é que elas são excepcionais", disse.

Sérgio Moro defendeu a divulgação de decisões e depoimentos da operação, explicando que, em crimes contra a administração pública, há exigência de que tenham a mais ampla publicidade possível. Segundo ele, a divulgação de informações segue as regras do processo. "Não tem seletividade. Quando não é mais necessário o sigilo, o conteúdo é tornado público", acrescentou.

Sobre as delações premiadas, Moro afirmou que toda delação depende de prova de corroboração, o que ocorreu na Lava Jato. E disse que não cabe a ele comentar a fala do ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, de que espera que as delações tenham sido "espontâneas".

O juiz disse ainda que julga de acordo com as provas que chegam até ele, e que não consegue responder formalmente a tudo que se fala sobre a Lava Jato. "Não se pode jogar uma pedra em todo cão que ladra". Moro enfatizou também que tudo aquilo que chega às suas mãos é julgado de acordo com as provas apresentadas no processo.

Moro foi questionado a respeito dos comentários da presidente Dilma Rousseff sobre não respeitar delatores, mas preferiu não responder. "Acho que a presidente merece respeito da minha parte e de todas as pessoas. Não me sentiria confortável em rebater um comentário da presidente", disse.

O magistrado justificou sua presença no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo dizendo que queria mostrar que não era "nenhuma besta-fera".