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PT vai usar gravação de Jucá para desmontar tese do impeachment

"Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", disse, em março, senador do PMDB

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Com o início da fase de diligências e produção de provas contra e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial do Senado, o PT já traça a estratégia para rebater a tese de que o processo de impedimento de mandato foi baseado nas chamadas "pedaladas fiscais".

A peça fundamental dos senadores da oposição ao governo Michel Temer será a conversa gravada entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro. Em gravação divulgada nesta segunda-feira (23), o então ministro do Planejamento afirma que a queda de Dilma ajudará a "estancar a sangria" da operação Lava Jato. "Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", disse Jucá, em março, sem saber que estava sendo gravado.

Nesta terça-feira (24), o senador Lindbergh Farias (PT) afirmou no plenário, durante o início da sessão de votação da meta fiscal, Jucá, em nenhum momento da conversa com o ex-presidente da Transpetro, cita as pedaladas ao defender a saída de Dilma do cargo. "Em nenhum momento o senador Romero Jucá falou de pedaladas fiscais, de edição de créditos suplementares. Só falava o tempo todo da paralisação das investigações, inclusive citando ministro do Supremo Tribunal Federal".

Também nesta terça-feira, em mais uma frente, a bancada petista no Senado apresentou representação à Procuradora-Geral da República (PGR) solicitando a instauração de procedimento investigatório para apurar até que ponto Romero Jucá interferiu para obstruir a Lava Jato e provocar o afastamento de Dilma. A peça também foi assinada por cinco outros senadores.

Os parlamentares petistas também planejam pedir nesta quarta-feira (25) a suspensão do processo de impeachment no Senado. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), os áudios divulgados pela imprensa deixam claro que o impeachment foi um golpe articulado somente para paralisar a Lava Jato. “Nós sempre alertamos para essa tentativa suja de ruptura da ordem democrática liderada por corrompidos no Congresso, com apoio vergonhoso da elite empresarial e de grandes meios de comunicação”, afirmou Humberto.

O documento diz que, “não bastasse a gravidade em si de se ter um senador da República a operar, francamente, no sentido de lograr a obstrução da Justiça, ou, quiçá, a praticar tráfico de influência em face do que, potencialmente, poderia ser dito às autoridades pelo senhor Sérgio Machado, o que ainda se observa, prima facie, é a inominável forja de ambiência institucional e mobilização da opinião pública propícias a desestabilização e derrubada de um governo legítimo”.

Comissão especial do impeachment do Senado discute plano de trabalho

Na manhã desta quarta-feira (25), a comissão especial do impeachment abriu sessão para o relator do processo da presidente afastada Dilma Rousseff, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), apresentar o plano de trabalho da comissão.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentou questão de ordem pedindo que o calendário da Comissão do Impeachment seja fixado após o recebimento da defesa prévia da presidente Dilma Rousseff, até 1º de junho. 

O colegiado está na fase de pronúncia, na qual deve fazer diligências, produzir provas e ouvir testemunhas para dizer se Dilma cometeu ou não crime de responsabilidade. Nesta etapa, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, funciona como uma instância de recurso a questões de ordens apresentadas por membros da comissão. Porém, o colegiado segue sendo presidido por Raimundo Lira (PMDB-PB).