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Carlos Velloso deve responder nesta sexta se aceita o Ministério da Justiça

Ex-ministro do STF estaria resolvendo questões com clientes que exigem exclusividade

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O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso afirmou que deve responder ao convite do presidente Michel Temer para assumir o Ministério da Justiça nesta sexta-feira (17). Velloso estaria tentando resolver questões com contratos que  determinam a sua participação para poder ficar disponível para o cargo. Contudo, alguns clientes que exigem exclusividade estariam colocando empecilhos. Se assumir o ministério, Velloso terá de deixar de atuar como advogado, seguindo o Estatuto da Advocacia. 

O ex-ministro do STF afirmou que tem o desejo de "servir o país", e que inclusive teria sido convidado por Temer para "ajudar a salvar o Brasil". Mas apesar disso, ainda estaria enfrentando resistência dentro da família. À Folha de S. Paulo, Velloso afirmou que ficaria no ministério por apenas um ano, "não mais que isso".

Se for para a Justiça, Velloso terá de abrir mão de mais de 50 ações em que atua em tribunais. "Renunciarei de todas, me afastarei da sociedade [no escritório], deixarei minhas cotas e vou embora", disse à Folha de S. Paulo.

O ex-ministro do STF reuniu-se com Temer na terça-feira no Palácio do Planalto. Na noite de quinta-feira (16), eles tiveram um novo encontro no qual estas condições foram debatidas.

Aécio Neves e Carlos Velloso

Um dos clientes de Carlos Velloso é o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). O ex-presidente do STF atua em dois inquéritos que o tucano responde no STF. Ao Estado de S. Paulo, Velloso falou: “Fui amigo de Tancredo Neves, avô de Aécio, e de Aécio Cunha, pai de Aécio. E sou amigo de Aécio desde os seus 22 anos, quando o conheci, em Belo Horizonte. Sou seu advogado nesses dois casos, em razão dessa amizade.” Ele disse também que atua para o tucano “sem cobrar honorários advocatícios”. “Há outros advogados com procuração nos autos.”

As investigações têm origem na delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral, que acusou o tucano de maquiar dados do Banco Rural na CPI dos Correios e também de receber propinas em suposto esquema de corrupção em Furnas. O senador nega as acusações.

Velloso também já foi filiado ao PSDB de Minas. Ele elaborou o parecer jurídico que dizia que o aeroporto construído pelo governo estadual em Cláudio (MG), em terras de um parente do senador, durante a gestão de Aécio, não feria a legislação.