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Remédio da austeridade de Temer terá pobreza como "recompensa", diz Safatle

Para professor da USP, governo entrega país a liberais e ao sistema financeiro

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Guerras e catástrofes naturais são duas das três formas de destruir um país. A terceira é entregar a nação a economistas liberais amigos de operadores do sistema financeiro. Está última é a atual medida que vem tomando os dirigentes do Brasil, alerta o filósofo e professor da USP Vladimir Safatle, em artigo publicado nesta sexta-feira (17) na Folha de S.Paulo.

Safatle lembra que a receita liberal do governo de Michel Temer, que prometia o retorno da estabilidade ao país, já foi desmistificada nos últimos dias por uma análise do Banco Mundial. Pelas projeções da instituição, até o final do ano 3,6 milhões de pessoas voltarão à pobreza no Brasil, com seus rendimentos caindo a menos de R$ 140 por mês. O cenário é agravado, acrescenta o professor, pela maior taxa de capacidade ociosa da indústria dos últimos 70 anos.

O efeito de destruição de um país pelo sistema financeiro e pela economia liberal é capaz, inclusive, de diminuir uma população, como ocorre em guerras e catástrofes naturais, argumenta Vladimir Safatle, citando o exemplo da Letônia, que, "vendido por alguns como modelo de recuperação bem-sucedida, viu sua população diminuir em quase 10% em cinco anos, algo que apenas as guerras são capazes de fazer. Ou seja, o preço para essa peculiar noção de sucesso foi expulsar quase 10% da população para refazer suas vidas em outros países".

Em sua análise, o professor da USP remete, no Brasil, ao exemplo do estado do Espírito Santo, que vive há algumas semanas um colapso, "virando uma zona de anomia em meio à greve de policiais". Safatle afirma que, meses atrás, não faltaram economistas que elegessem o Espírito Santo como um modelo de ajuste econômico e responsabilidade fiscal. "O mesmo Espírito Santo que tem números piores do que média nacional (retração de 13,8% até o terceiro trimestre de 2016) e que há algumas semanas simplesmente entrou em colapso, virando uma zona de anomia em meio à greve de policiais".

O articulista alerta que o "remédio" da "austeridade", o mesmo que Temer aplica ao país, terá como recompensa a pobreza, a desigualdade e a precarização.

Veja, na íntegra, o artigo de Vladimir Safatle na Folha de S.Paulo