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'Financial Times': Gigante frigorífica enfia faca na política brasileira

Executivos trocam revelações por indulgência em inquérito que ameaça coalizão impopular

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O jornal britânico Financial Times traz em sua edição desta sexta-feira (19) uma matéria onde conta a história da JBS, holding de frigoríficos, oriunda de um matadouro fundado por José Batista Sobrinho em 1953, com uma humilde operação de abate de dois bovinos por dia.

O diário financeiro ressalta que a JBS, que se tornou a maior rede de frigoríficos do mundo tem agora a faca do açougueiro apontada em direção da política brasileira.

FT descreve que nesta semana, sete executivos da JBS e da J & F Investments, sua holding, concordaram em pagar uma multa de R $ 225 milhões e contar aos promotores tudo o que sabiam sobre a corrupção no Brasil em troca de clemência. o

O jornal Globo afirmou que o acordo de contenção continha uma fita de uma conversa na qual Michel Temer, presidente do Brasil, supostamente endossou um suborno de Joesley Batista, presidente da JBS a um dos antigos parceiros da coalizão do presidente. A Suprema Corte autorizou uma investigação, acrescentou Times.

As alegações ameaçam derrubar o impopular governo de centro-direita de Temer, bloqueando as reformas que visam restaurar as finanças do país. O noticiário lembra que Temer chegou ao cargo após a destituição em agosto passado, de Dilma Rousseff, presidente esquerdista, estando no poder a menos de um ano.

"Erramos e pedimos perdão", disse Joesley Batista em carta aberta.

Controlada por cinco irmãos, a JBS pode ser uma das mais importantes empresas brasileiras que a maioria das pessoas nunca ouviu falar. A empresa começou por atender aos trabalhadores que construíram Brasília, a capital, na década de 1950. Mas obteve aumento considerável durante os 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores, Lula da Silva e Rousseff a partir de 2003.

FT relata que destinada a se tornar "líder nacional", a JBS recebeu financiamentos subsidiados do BNDES, o banco de desenvolvimento do estado. O banco obteve R $ 8 bilhões em financiamento para a JBS em empréstimos e participações e duplicou sua participação na empresa para 30 por cento. 

O noticiário descreve que em determinado momento a JBS tornou-se um importante patrocinador dos partidos políticos.

"Havia tantos benefícios [para JBS]", disse Sérgio Lazzarini, autor de livros sobre capitalismo no Brasil.

O periódico aponta que Henrique Meirelles, o ex-chefe do banco central, foi convidado para ser presidente da holding. Hoje, Meirelles é ministro das Finanças que supervisiona as reformas econômicas do Brasil, Impopular tentativa de reformar o caro sistema de pensões. Os analistas disseram que, embora não haja Indicações de que Meirelles tenha participado da corrupção na JBS, a sua proximidade com o grupo poderia influir em sua credibilidade.

Ricardo Sennes, diretor da consultoria Prospectiva, em São Paulo, disse: "Pode gerar um desgaste eno apoio às reformas ".

A questão-chave, no entanto, é se o acordo da JBS tem conteúdo suficiente para afundar o governo Temer. Mesmo antes desta semana, os irmãos Batista, já estavam sendo investigados por corrupção na Eldorado Brasil Celulose, sua empresa de celulose e papel, em um escândalo global sobre o suposto pagamento de inspetores do governo brasileiro para emissão de certificados de carne.

O Globo lançou mais tarde o que alegou ser a fita contendo a conversa privada com Joesley

Batista, em que Temer alegou ter endossado o suborno. Analistas disseram que parecia um pouco inconclusivo, com o presidente ouvido principalmente murmurar no fundo quando Batista supostamente insinuou que ele estava pagando aos promotores, juízes e Eduardo Cunha, para permanecer em silencio.

> > Financial Times