ASSINE
search button

Manifestantes anti-Lula são presos com arma em Salvador

Compartilhar

Cinco pessoas anti-Lula foram detidas pela Polícia Militar da Bahia na noite desta quinta-feira (17), depois que um deles sacou uma arma durante chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Salvador. O homem, que se identificou como policial, será submetido a exame para confirmar se havia atirado para o alto no momento em que a van de Lula passava diante da calçada onde o grupo mostrava faixas em defesa de uma intervenção militar. 

Lula chegou a Salvador às 16h30 de quinta-feira. A capital baiana marcou o primeiro dia da Caravana Lula pelo Brasil. O ex-presidente andou de metrô, visitou as obras de extensão da linha 2, participou do lançamento da 3ª fase do Memorial da Democracia, na Arena Fonte Nova. Nesta sexta-feira, Lula partia para Cruz das Almas.

Policiais chegaram a cercar os manifestantes para que não houvesse confronto com os apoiadores do ex-presidente Lula. Dois dos cinco já haviam discutido com petistas na estação onde Lula era aguardado, horas antes, de acordo com informações da Folha

Perto da Arena Fonte Nova, um outro manifestante foi detido sob acusação de porte de armas. Ele e cerca de 30 pessoas faziam um protesto diante de um boneco gigante do "pixuleko". O boneco foi destruído e um policial deu três tiros para o alto. Na confusão, um dirigente do Sindicato dos Petroleiros também foi detido. 

Título de Doutor Honoris Causa 

Outro episódio que marcou a passagem de Lula foi a decisão judicial que cancelou a entrega de título honoris causa ao ex-presidente. A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) informou que recebeu "com surpresa" na tarde desta quinta-feira (17) a notificação da decisão do juiz Evandro Reimão dos Reis, da 10ª Vara Federal Cível da capital baiana, na qual suspendeu a Sessão Solene do Conselho Universitário (CONSUNI) convocado para realizar a entrega do título. 

O juiz acolheu uma ação popular apresentada pelo vereador de Salvador Alexandre Aleluia (DEM), que afirma configurar “desvio de finalidade” a concessão do título, pois o objetivo, na verdade, seria político. Ainda segundo a decisão do juiz, não seria razoável e nem atenderia à moralidade administrativa conceder honraria a alguém condenado judicialmente e que ainda responde a outras ações penais. 

>> Decisão judicial impede entrega de título de 'doutor honoris causa' a Lula

"Essa decisão judicial fere um dos princípios fundamentais das universidades públicas que é a autonomia universitária. Reza a Constituição Federal que 'Art. 207 – As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão'. Portanto, a quebra da autonomia universitária gera perigoso precedente, de consequências danosas, para todas as universidades públicas brasileiras", diz a universidade.

"A UFRB informa que já solicitou que a Advocacia Geral da União (AGU) tome as medidas cabíveis para a alteração da decisão e aguarda o posicionamento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), com a certeza de que o respeito à autonomia das instituições de ensino superior público seja preservado e garantido", completa a nota.

Durante entrevista para a Rádio Metrópole, de Salvador (BA), na manhã desta sexta-feira (18), o ex-presidente falou sobre o início da caravana Lula Pelo Brasil, criticou a suspensão da entrega do título de Doutor Honoris Causa, que receberia nesta sexta na UFRB, e disse estar emocionado com o carinho do povo baiano. 

"Cada menino negro da Bahia que recebeu o seu diploma é o meu título de Honoris Causa. Já recebi o meu título pelos milhares de alunos negros que estão na universidade. E isso nenhum vereador ou juiz pode apagar", afirmou. 

"Se eu fosse um cara que tivesse um coração fraco, eu não sei o que teria acontecido comigo ontem. Foi muito forte, nunca vi tanto carinho e tanto afago comigo como o povo baiano demonstrou", lembrou o ex-presidente. 

O ex-presidente voltou a criticar a perseguição jurídica e midiática e disse que a Lava Jato está virando um partido político. "Construíram uma mentira, dizendo que o PT era uma organização criminosa e o Lula era o chefe. O que está em julgamento é o meu governo. Se eles estão lidando com políticos que roubaram, é problema deles. Comigo, eles têm que provar. A minha inocência eu já provei."

Durante a entrevista, Lula relembrou  as conquistas sociais dos governos petistas. "Nós tiramos 36 milhões de pessoas da extrema pobreza, beneficiamos 15,6 milhões de pessoas com o Luz Para Todos, demos aumento real acima da inflação para os trabalhadores e mais de 54 milhões de pessoas foram atendidas pelo Bolsa Família. Agora, o Brasil piorou em quase todos os indicadores sociais."

Para Lula, o ódio da elite contra o povo é o principal responsável pelo desmonte das políticas sociais. "Esse país tem uma elite política que nunca acreditou que o negro pudesse ser doutor. Mostramos para o povo que tem um degrau a mais para ele subir. E agora estão tirando esse degrau. Se eu for candidato, serei candidato para ganhar. Se não for, serei o cabo eleitoral mais valioso desse país."

Lula comentou ainda sobre a crise na Venezuela, e criticou a ingerência dos EUA no país. "Que o Trump resolva os problemas dos americanos, ele que não venha perturbar a América Latina", reforçou o ex-presidente.  

Ao final da entrevista, Lula afirmou que, se voltar em 2018, voltará mais forte e com mais experiência. "Eles sabem que sou capaz de envolver toda a sociedade brasileira e resolver o problema do país.Tenho consciência do que fiz no Brasil e o que precisa ser feito. Eu sou capaz de unificar o povo brasileiro e a gente recuperar o país", finalizou.