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Em clima de fim de festa: presidentes da Câmara e do Senado faltam à comemoração de Temer

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Os dias andam meio cinzentos no Palácio do Planalto. Ontem, durante a apresentação do balanço de dois anos de gestão do presidente Michel Temer, não foi diferente. Por mais que Temer pronunciasse frases enaltecendo os avanços que o seu governo alcançou em apenas dois anos, poucos dos presentes deram atenção à sua fala de quase uma hora, abafada pelo zum-zum de uma plateia que cochichava o tempo todo. 

Pairava ainda, na atmosfera pesada do Palácio, a gafe semântica cometida na véspera, quando o cerimonial do governo disparou convite que trazia impresso o slogan “O Brasil voltou, 20 anos em 2”. Imediatamente a frase repercutiu com o trocadilho do retrocesso. Nas redes sociais, vários memes foram publicados. O slogan foi inspirado no discurso que o próprio presidente já vinha utilizando em suas aparições públicas. 

Recentemente, na abertura do Congresso da Associação Brasileira de Supermercados, ao avaliar seu legado, ao lado do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, Temer usou expressão semelhante. Meirelles disse, em seu discurso, que o governo fez em dois anos o que deveria ter sido feito em oito. Temer completou afirmando que “com toda a modéstia de lado, eu acho que em dois anos fizemos o que se esperava em 20 anos”. Para a cerimônia de ontem, após o fiasco do slogan, o presidente mandou retirar a segunda parte da frase. O convite passou a usar a frase “Maio/2016 - Maio/2018: O Brasil Voltou”. Uma cartilha que leva o mesmo nome foi distribuída, com o balanço das ações em diversas áreas. Os dados relativos à recuperação econômica, como a queda da inflação e a redução da taxa básica de juros (Selic), que chegou a 6,5%, o menor patamar da história, foram o destaque. 

“Fomos responsáveis por tirar o Brasil do vermelho e colocar o país no rumo certo. Não são palavras apenas, os fatos comprovam”, disse o presidente. Alguns dos convidados viram nesta frase mais uma mensagem com conotação metafórica, em que vermelho pode indicar o dado negativo da economia como também o PT, que o MDB substituiu após o processo que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff . 

O MDB estava representado na cerimônia pelo seu presidente, senador Romero Jucá (RR). Mas figuras importantes do partido se ausentaram. Uma delas foi presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE). Também não estavam na cerimônia integrantes do aliado Democratas, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ). Os parlamentares estão em campanha em seus estados e não querem sua imagem associada ao presidente que tem aprovação de 4%, segundo a pesquisa mais recente. “Não sei se o Mendonça está aí..”, disse o presidente no discurso como quem procurava. Ele se referia ao deputado Mendonça Filho (DEM-CE), ex-ministro da Educação, que deu só uma passadinha e não ouviu quando Temer  falou dos feitos da sua antiga pasta.