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Moreira Franco 'desaparece' durante crise que envolve caminhoneiros e Petrobras

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Braço direito do presidente Michel Temer, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, desapareceu durante a crise que envolve a greve dos caminhoneiros e a Petrobras, empresa estatal vinculada ao seu ministério. Desde que teve início a paralisação do setor de transportes, Franco optou pelo silêncio, ficando a cargo dos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, ou da Fazenda, Eduardo Guardia, falar publicamente sobre o assunto.

Ontem, na cerimônia em que transmitiu para Ronaldo Fonseca o cargo de ministro chefe da Secretaria-Geral, que ocupava antes de migrar para o Ministério d Minas e Energia, Moreira nem fez discurso. Após a brevíssima cerimônia, da qual participaram mais autoridades religiosas do que políticas, o ministro recusou-se a falar com os jornalistas.

Várias são as justificativas que assessores do Planalto e do Ministério apresentam para o sumiço do ministro. Uma delas é a de que a greve se dá no setor de transportes, com caminhoneiros na liderança, por isso, então, não caberia a ele falar sobre o assunto. Esquece-se o assessor que o principal item da pauta é a alta diária do preço do diesel, fruto da política praticada pela Petrobras. Outro diz que o ministro está focado no processo da privatização da Eletrobrás. Outro assessor afirma, ainda, que ele atua intensamente, mas nos bastidores, fazendo a articulação entre o movimento grevista e o governo.

Hoje, não haverá jeito: Moreira Franco terá que aparecer na comissão geral marcada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para prestar esclarecimentos sobre os aumentos sucessivos no preço dos combustíveis. Ele poderá não comparecer porque não foi convocado, e sim, convidado para falar. Mas se não for, já está aprovado o requerimento de convocação para depor na Comissão de Defesa do Consumidor da Casa.

“O ministro não pode fugir ao fato de que a sua pasta é responsável pela política praticada no preço dos combustíveis. A crise se dá na sua pasta. Ele precisa dar uma satisfação, esclarecer a sociedade brasileira sobre as medidas que o governo pretende tomar”, diz o deputado José Stédile (PSB-RS), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara. A convocação do ministro na comissão estava marcada para hoje, mas em acordo com o presidente da Casa, Rodrigo Maia, a audiência foi cancelada. “Esperamos que as explicações que o ministro traga sejam suficientes para entendermos que mudanças serão feitas na política, para que, sem prejudicar a Petrobras, o consumidor seja beneficiado. Caso os integrantes da comissão não se satisfaçam, faremos a convocação”, completa Stédile.

O requerimento de convocação foi aprovado por unanimidade na última quarta-feira pela comissão. Embora haja uma questão de ordem apresentada pelo vice-líder do governo, deputado Valtenir Pereira (BOA-MT), Stédile assegura que a convocação valerá. Até mesmo os parlamentares da base aliada do governo foram favoráveis a que houvesse a convocação, e não convite ao ministro. “Há uma manobra absurda para blindar o ministro Moreira Franco”, disse o presidente da CDC, autor do requerimento.

No entendimento dos parlamentares, o governo quer evitar uma superexposição do ministro como vem acontecendo com o presidente da Petrobras, Pedro Parente.

Em uma semana de greve, o ministro só resolveu falar no domingo à noite para o jornal Folha de S. Paulo. Na entrevista publicada ontem, Moreira Franco deixa transparecer tensão em suas respostas. “Não vou responder ao que você está me forçando a responder porque eu não concordo. É a sua opinião. Você tem de respeitar (a minha). Aconteceu o que expliquei e acho que está claro. Agora você está querendo ser meu terapeuta”, disse o ministro em um trecho da entrevista aos jornalistas Leandro Colon e Julio Wiziack. Ao ser perguntado sobre possíveis falhas na comunicação do governo, ele respondeu: “não sou comunicólogo. Não vou fazer avaliações”.