ASSINE
search button

Uma parada para admirar relíquias 

Colecionadores de carros raros vistoriaram seus “possantes” na Barra 

Compartilhar

O Ford conversível Roadster, sonho de consumo dos brasileiros nos anos 30, foi um dos primeiros a dar pinta ontem nos jardins do Città América, na Barra da Tijuca. Logo depois, chegou o Karmann Ghia. Vermelhinho, fabricado nos anos 70 e dono de um dos mais belos designs esportivos da história do automobilismo. Não demorou muito, apareceram também representantes dos poderosos carros americanos da década de 50, a era do para-choque cromado: os luxuosos Cadillac Coupe de Ville de 1957 e Cadillac Buick Coupe, de 1955. Mas todos pararam mesmo foi para admirar o Chevrolet Corvette 1959. O esportivo americano é produzido (até hoje!) em fibra de vidro e desejado por todo colecionador. O encontro, que mais parecia um desfile de relíquias automobilísticas, era na verdade uma parada de vistoria do Detran-RJ. A iniciativa, batizada de Detran Presente Carros Antigos, serviu para facilitar o serviço de vistoria dos “possantes”, promovida em parceria com o Veteran Car Club do Rio de Janeiro. 

Dono de um Ford Roadster, fabricado em 1939 e totalmente restaurado nos últimos sete anos, o advogado Gustavo Tostes foi um dos que aproveitou a oportunidade para dar entrada na placa preta para o seu “tesouro”. O emplacamento especial é concedido àqueles que comprovarem 80% de originalidade do veículo e mais de 30 anos  de fabricação. 

-  O carro era de um amigo e estava há muitos anos abandonado, mas agora está todo reformado. É um modelo raro, praticamente único no Brasil - explica Tostes, que herdou também, este ano, um Alpha Romeo, modelo 164, fabricado em 1990 e chegou a cinco carros colecionados. “Essa iniciativa é importante porque há uma grande dificuldade de deslocamento dos carros antigos. Se não tivéssemos uma vistoria especial, teríamos que nos deslocar para postos mais distantes”,  - conta ele. Presidente do Veteran Car Club do Rio, Tostes estima que o Rio de Janeiro tenha mais de 1 mil colecionadores de automóveis deste tipo. A cidade foi a primeira do país e ter um clube de automóveis antigos. Só de sócios, o clube fundado há 40  anos, tem 200. 

- Essa paixão por carros antigos eu herdei do meu pai. Tem gente com mais de cem carros antigos. Só quem gosta entende - relembra ele, que adquiriu seu primeiro automóvel em 1978. 

Paulinho quer dar uma volta

 Dono de dois automóveis Karmann Ghia - um  vermelho e outro azul conversível - fabricados na década de 70 e completamente restaurados com peças do modelo original, o compositor Paulinho da Viola também foi um dos que aproveitou a oportunidade para atualizar a documentação de um de seus “possantes”. 

- Toda vez que eu via um Karmann Ghia ficava admirando. Até que consegui comprar o meu, em Brasília,  (na década de 80). Usei por um tempo, mas depois tive que manter parado durante uns quatro anos porque precisava de restauração. Demorou, mas ficou pronto! Agora, para eu dar uma voltinha nele, precisava de vistoria e emplacamento - conta Paulinho, que aponta a mão de obra de restauração como uma das maiores dificuldades para os apaixonados por veículos raros. “É difícil encontrar, por exemplo, lanterneiros para esses carros. Não podemos levar em uma oficina comum”, comenta ele, que aguarda receber toda a documentação e sua “placa preta” - chancela de carro antigo restaurado com 80% de originalidade. 

A paixão por carros antigos foi o fator aproximador de Léo Cabral, 63 anos, de seu filho Thiago, de 16. 

- Como fui pai tarde, não pego onda,  nem frequento shows. O fato de gostar muito de carros raros fez com que eu me aproximasse do meu filho, que também é apaixonado por carros antigos - conta ele, que percorre eventos deste universo em  vários lugares do mundo e comprou seu primeiro veículo antigo há quase sete anos.