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Grandes cidades e seu trânsito

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Este é o título do livro, em inglês, escrito por J.Michael  Thomson, cujo livro tipo “pocket”, foi publicado  pela Penguin Books. Eu deveria e, esperava, escrever hoje sobre a  minha visita, após mais de quatro anos, à sede da CET Rio que, foi transferida, por motivos de agenda do diretor de engenharia, será no dia 31, deste mês. Privado de noticias sobre o trânsito que, felizmente, não vem despertando interesse, perdendo espaço para o escândalo exagerado, da carne, estragada. Eu, carnívoro, continuarei confiando no produto nacional embora, não dispense a argentina ou uruguaia.

Assim sendo, resolvi dividir, com os meus fieis leitores, algo útil sobre a “ciência do controle do trânsito”, segundo a Philips matriz holandesa, “a ciência esquecida”. O livro, ou melhor, o “amigo” que pincei, teve sua primeira publicação em 1977, quando ainda existiam, aqui no Brasil, os quatro discípulos do grande especialista inglês, Sir Collin Buchanan que, em 1963, revolucionara a maneira de se encarar as soluções do trânsito urbano, com enfoque claro e filosófico, de maneira a deixar soluções duradouras. Infelizmente só resto eu, já estando no “Reino da Glória”, Gerardo Penna Firme, Marcos Prado e Roberto Scaringella, eméritos Buchanistas, daí a minha imensa responsabilidade. Evidentemente, não poderia abordar, como um todo, o tema do livro mas, vou tentar mostrar a sua essência.

Como não poderia deixar de ser, enfoca inicialmente o transporte urbano, cujas deficiências se refletem, em verdadeira grandeza, na mobilidade urbana, ou melhor, no trânsito da cidade. E, o faz de maneira enfática, quando, no inicio do livro, no capítulo “Abordagem”, escreve: “O transporte é tão estreitamente ligado à maneira como a cidade se expande e se organiza,a maneira como ela se mostra, sente e funciona, que nunca deve ser planejado sem considerar estes aspectos.”. A mim me parece que estamos longe de seguir este conselho, daí o que ocorre hoje no nosso Rio. A responsabilidade da CET é tremendamente aumentada, face á orientação que merece ter e,não tem, a fim suprir o que o transporte planeja, quer em meios de transporte, quer em facilidades de seus usuários.

Quando aborda o problema no capítulo sobre trânsito, especialmente no item “Movimento do tráfego”, estabelece o “rumo básico” do livro ao definir e alertar: “Estes dois fatores existentes, isto é, a demanda efetiva e a disponibilidade do espaço viário, pode ter afetado o tamanho do congestionamento por duas razões: A gerência do trânsito (management) e comportamento (behaviour) do motorista.Eles determinam o quanto de efetivo a capacidade das  vias será utilizada”.Como o comportamento do motorista, “primata condicionado” depende de como a gerência o condiciona o primeiro é derivada desta última.

Neste ponto é básico saber e acatar o conselho de Henry Barnes, o legendário diretor de Trânsito, por oito anos da cidade de New York, quando deixou bem claro: “ O trânsito é essencialmente, pessoas em movimento” e eu me atrevo a complementar: Primatas, como classificou os motoristas, o psicólogo inglês Desmond Morris, em seu livro:”O macaco nu”,que são guiados pelo princípio do PIEV (Percepção, Inteligência,Emoção e Volição) que a eles deve ser transmitida pela sinalização em seus três tipos, gráfica vertical, gráfico horizontal e semafórica.

Ai  chegamos ao atual pecado de gerenciar o trânsito através a simulação em computador, que ignora a reação do povo, do  motorista e do pedestre. Ainda neste capítulo, para meu orgulho e alegria, cita a observação por helicóptero, que inovei em 1967, quando fui coroado “Rei do trânsito” no Estado da Guanabara.A visão do alto nos mostra a situação em escala de 1:1, incluindo as reações do povo.

Concluindo, e me permitam os doutos a quem cabe  o a gerência do trânsito urbano: apoiem-se nas pesquisas, observem “in loco”, instalem uma sinalização inteligente e prática, como já fazem com a gráfica horizontal, lamentando a ausência do uso da tinta refletorizada, nas vias de trânsito rápido ou expressa, de iluminação deficiente, e tornem a sinalização semafórica, inteligente, comandada pelo perfil real do tráfego, eliminado o sinal “burro”, de tempo fixo. E, ainda em tempo, estabeleça a direção de transporte um Plano Diretor, a ser cumprido, afim dar o rumo a seguir da engenharia de tráfego, a “Ciência esquecida”.