Nossa atenção permite perceber e expressar mudanças que ocorrem no universo da sociedade em que vivemos?
Ao contrário do que possa parecer e tendemos a acreditar, não estamos acostumados a olhar o mundo real. Num amplo espectro de situações, tomamos decisões em consequência automática de nossa visão das coisas. O mais comum é que se aja em função do que se vê. Assim, o esforço para ver claramente abriga um sentido moral.
Estamos aprendendo a ver nossa imagem refletida no espelho da consciência. Nossa atenção passou a se concentrar não só na narração dos acontecimentos, mas sobretudo como as pessoas os vivenciam. Entrementes, nos dias que correm muitos dentre nós esquecem, ou mesmo deixam de perceber, como consciente e inconsciente se sobrepõem, e quanto de inconsciente influi de maneira decisiva em toda ação consciente.
Por exemplo, o essencial não é tanto a força narrativa da Lava-Jato, mas o espírito que se revela no que consegue ampliar, explorar, aprofundar, investigar, criar várias facetas, iluminando o último canto recôndito. Na troca de panos de fundo, há objetivos que nós e nossos filhos e netos temos o dever de conquistar ao caminhar.
A avidez por novidades diz da mentalidade consumista que necessita de uma contínua reposição de notícias. Mas havemos de usar o palco, permanentemente iluminado, para revelar nossas mazelas sem meias palavras. Como no movimento contínuo e incessante das ondas do mar, perturbar o sossego dos que se acham donos da verdade.
* Engenheiro