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Retrocesso histórico?

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O gradual reconhecimento dos direitos de cidadania, dentre os quais o principal é o direito político, é um processo gradual de inclusão de indivíduos que antes estavam excluídos. Que não se tenha incluído tudo e todos, assim como não se pode tolerar tudo e todos, é um problema prático que deve encontrar soluções adaptadas às diversas circunstâncias. Não há melhor prova desse direito que o acolhimento ao imigrado, na forma mais ampla possível, como seguidamente afirma o papa Francisco.

Muitos conflitos entre grupos derivam do modo distorcido como um julga o outro, gerando incompreensão, rivalidade, desprezo ou escárnio. A identificação com o próprio grupo faz com que se perceba o outro como diverso, ou mesmo como hostil. Para esta contraposição contribui decisivamente o juízo negativo que os integrantes de um grupo fazem das características do outro grupo.

Não é por outro motivo que os grandes conflitos que marcaram a história da humanidade são os derivados das guerras entre nações ou povos. Não há nação que não traga uma ideia persistente, dificilmente modificável, da própria identidade, que se apoiaria numa presumida diversidade em relação a todas as demais nações. O conflito é reforçado por grupos que se discriminam reciprocamente.

Para que a discriminação libere todas as suas consequências negativas, não basta que um grupo, com base em um juízo de valor, afirme ser superior ao outro; ela carece de uma materialização – por exemplo, a marginalização social a que foram compulsoriamente submetidos por séculos os judeus.

O conflito é inevitável onde quer que entrem em contato, mediante imigração de massa, populações diversas por costumes, línguas, tradições. Não há outro remédio contra a insuficiência do Estado que o surgimento de iniciativas na sociedade civil. Continuaremos a assistir a um retrocesso histórico?

* Engenheiro