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Os valentões do Facebook

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A novela ensina como ser bandido, esconder armas, enganar a polícia e se dar bem. Nas redes sociais os valentões anônimos se aproveitam do biombo da telinha para assacar ofensas contra terceiros. Em 2015 fui injuriado no Facebook por um senhor que não me conhecia, assim como eu também nunca o havia visto. Como faço em todos os casos, processei-o criminalmente e poderia ter sido condenado a uma pena de 1 a 6 meses de prisão. O cidadão compareceu em juízo cabisbaixo, humilde e humilhado afirmando que o fizera como um desabafo. Proposta a retratação pelo magistrado, como não desejo o mal que ele me causou a ninguém aceitei, e ele desculpando-se ficou de se retratar publicamente pelo mesmo meio de comunicação onde me injuriou.

Católico que sou, e praticante, sofri muito ao ver no Facebook de um padre que não conheço uma frase caluniosa a mim dirigida. Claro que não vou deixar barato e, com muita tristeza por ver um sacerdote cuja missão apostólica e espargir o bem e as palavras do evangelho trair seu compromisso para ofender gratuitamente um irmão de fé. Também já distribui ação penal e cível, para que perante a Justiça repare o mal que me causou.

Uma parte, advogado em causa própria, também resolveu por meios impróprios me coagir com afirmações falsas e injuriosas. Apenas estou aguardando o desfecho de seu processo para exigir a reparação por tais ofensas.

Todos esses fatos, exceto o primeiro, tiveram origem após uma reportagem tendenciosa e falaciosa produzida com a intenção de me expor publicamente por uma emissora de televisão que não respeita a dignidade da pessoa humana e pensa que pode destruir impunemente a reputação daqueles que não rezam na sua cartilha. Certamente também será chamada a reparar mais esse dano, já que é reincidente em suas ações injuriosas e também na condenação por fatos semelhantes. Mas os fatos aqui narrados apenas demonstram os efeitos deletérios de reportagens direcionadas que empoderam pessoas ingênuas que tomam mentiras como verdades e passam a repeti-las irresponsavelmente. É bom que saibam que todo ato tem seu efeito e consequências antes de assumir como suas falsidades espalhadas por outrem.

* desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juizes para democracia.